17.8 C
Campo Grande
segunda-feira, 17 de novembro, 2025
spot_img

Governo reage a críticas de chanceler alemão sobre estadia em Belém durante a COP30

Integrantes do governo brasileiro reagiram mal às declarações do chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, que criticou sua estadia em Belém durante a COP30. A fala, feita no Congresso Alemão do Comércio no último dia 13, gerou incômodo tanto em Brasília quanto na capital paraense.

Segundo apurou a CNN, membros do governo classificaram as declarações como “grosseria” e “inacreditáveis”. Mesmo assim, a orientação interna é manter silêncio público sobre o episódio, para evitar desgaste diplomático e não interferir nas negociações climáticas que avançam na segunda semana da conferência.

Merz afirmou que jornalistas alemães que o acompanharam no Brasil ficaram aliviados ao deixar Belém e retornar ao país europeu.
“Perguntei a alguns jornalistas que estavam comigo no Brasil: ‘Quem de vocês gostaria de ficar aqui?’ Ninguém levantou a mão”, disse o chanceler, em discurso transmitido pelo YouTube e publicado no site oficial do governo alemão.

Pressões e críticas sobre a organização

As declarações ocorrem em um momento delicado, após a ONU ter enviado ao ministro da Casa Civil, Rui Costa; ao presidente da COP30, André Corrêa do Lago; e ao governador do Pará, Helder Barbalho, uma carta com críticas à organização do evento. O documento exige melhorias imediatas na infraestrutura da conferência.

Internamente, membros do governo admitem que as declarações de Merz ampliam o desgaste, mas reforçam que qualquer posicionamento oficial deve ficar a cargo da Alemanha.

Encontro entre Lula e chanceler teve clima positivo

Durante sua passagem por Belém, em 7 de novembro, Merz participou de encontro bilateral com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Após a reunião, o Planalto informou que o chanceler teria elogiado a organização da COP30 e considerado acertada a escolha da capital paraense como sede — o que contrasta com seu discurso posterior na Alemanha.

Na ocasião, o governo alemão também anunciou que pretende investir um montante “considerável” no Fundo Florestas Tropicais Para Sempre (TFFF), principal proposta brasileira na conferência. O valor, porém, não foi divulgado, o que frustrou as expectativas do governo Lula.

Merz afirmou que o aporte está garantido, mas que a definição da quantia depende de acordo dentro de sua coalizão, sem previsão para conclusão. Segundo ele, líderes alemães ainda precisam entender melhor o funcionamento do fundo, que prevê remuneração por hectares de floresta preservada.

Negociações seguem em Belém

Enquanto cresce a repercussão das falas do chanceler, ministros de estado iniciam a semana reunidos para tentar alinhar posições e avançar nos acordos finais da COP30.

A preocupação, segundo fontes do governo, é evitar que ruídos diplomáticos prejudiquem o andamento das negociações climáticas — ainda mais em meio às críticas internacionais sobre a estrutura do evento e aos esforços brasileiros para consolidar o TFFF como legado da conferência.

Fale com a Redação