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terça-feira, 12 de agosto, 2025
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Impasse comercial com EUA se prolonga após cancelamento de reunião sobre tarifaço

A falta de avanços nas negociações entre Brasil e Estados Unidos sobre a tarifa de 50% imposta a produtos brasileiros preocupa autoridades e exportadores, que veem a incerteza aumentar. O cenário ficou ainda mais delicado após o cancelamento, por “conflito de agenda”, da reunião que ocorreria nesta quarta-feira (13) entre o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

O encontro teria como objetivo buscar entendimento e reabrir o diálogo com Washington sobre o tarifaço, em vigor desde o dia 6 de agosto, por ordem do presidente Donald Trump. A Casa Branca justificou a medida alegando que o Brasil representa “ameaça incomum e extraordinária” à segurança nacional e à economia americana — argumento rejeitado pelo governo brasileiro.

Segundo o vice-presidente Geraldo Alckmin, 35,9% das exportações brasileiras para os EUA serão impactadas, incluindo produtos como café, carne bovina, frutas, máquinas agrícolas, móveis, têxteis e calçados. Itens como suco de laranja, aeronaves civis, petróleo, veículos, fertilizantes e insumos energéticos ficaram de fora da nova tarifa.

Especialistas avaliam que o adiamento da reunião envia um sinal negativo. Para Pedro Ros, CEO da Referência Capital, a postergação “amplia a incerteza no curto prazo, enfraquece a posição negociadora do Brasil e mantém o risco de perdas bilionárias em exportações estratégicas”. Já Richard Ionescu, CEO do Grupo IOX, defende que o setor produtivo aproveite o momento para diversificar mercados e manter flexibilidade diante de diferentes cenários.

Apesar da tensão, analistas acreditam que o diálogo não está encerrado. O cientista político André César lembra que Bessent é visto como um dos membros mais flexíveis do governo norte-americano, já tendo mantido contato com o vice-presidente Alckmin, o que pode facilitar futuras conversas.

Enquanto isso, empresas dos setores atingidos seguem calculando prejuízos e pressionando por uma solução rápida para evitar perdas mais profundas no comércio bilateral.

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