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sexta-feira, 24 de outubro, 2025
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Indicação de Messias ao Supremo amplia mal-estar entre Executivo e Legislativo

Presidente do Senado, Davi Alcolumbre, defende nome de Rodrigo Pacheco e vê resistência à aprovação do indicado de Lula

A possível escolha de Jorge Messias, atual advogado-geral da União, para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF) tem gerado preocupação entre aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e senadores da base governista. Interlocutores do Planalto avaliam que a indicação pode “azedar” a relação do governo com o Congresso Nacional, especialmente com o Senado, em um momento de fragilidade política para o Palácio do Planalto.

A disputa ocorre em torno da vaga aberta com a aposentadoria antecipada do ministro Luís Roberto Barroso. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), defende a indicação do ex-presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), considerado um gesto que consolidaria o bom momento da relação entre o Executivo e o Senado.

Fontes ouvidas pela reportagem afirmam que Alcolumbre chegou a alertar Lula sobre a dificuldade de aprovação de outro nome que não o de Pacheco neste momento. A eventual escolha de Messias, avaliam senadores, pode ser interpretada como um desprestígio ao Legislativo e aumentar a resistência ao governo.

Clima político tenso

A relação entre o governo e o Congresso já enfrenta desgaste. Recentemente, a Câmara dos Deputados derrubou a Medida Provisória que tratava do aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), em mais um embate direto com o Palácio do Planalto. Para interlocutores de Lula, o episódio abalou a imagem do presidente junto aos parlamentares e acendeu o alerta sobre a governabilidade.

Nesse cenário, aliados consideram que a indicação de Messias poderia “esticar ainda mais a corda” e piorar o clima no Senado. O receio é que o nome não obtenha o aval necessário da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) nem do plenário, instâncias que analisam as nomeações para o Supremo.

Fatores políticos e religiosos

Apesar das resistências, Lula estaria decidido a formalizar a indicação de Messias após retornar da viagem à Ásia, na próxima terça-feira (28), segundo apuração do portal R7. O presidente teria levado em conta não apenas a confiança pessoal no advogado, mas também fatores políticos e simbólicos — entre eles, o fato de Messias ser evangélico.

A nomeação é vista por pessoas próximas ao presidente como uma tentativa de aproximação com o público evangélico, majoritariamente contrário ao petista. Messias foi assessor da ex-presidente Dilma Rousseff, atuando como subchefe para assuntos jurídicos da Casa Civil, e é considerado um nome fiel ao PT.

Senadores pedem “gesto político”

Parlamentares experientes argumentam que Lula, caso seja reeleito, deverá ter ao menos três outras oportunidades de nomear ministros ao STF até 2030. Por isso, acreditam que o presidente poderia usar a vaga atual como um gesto político ao Senado, indicando um nome com maior apoio entre os senadores — como o de Rodrigo Pacheco.

Ainda assim, aliados reconhecem que Lula parece disposto a bancar Jorge Messias. A escolha, contudo, deve marcar mais um teste de força entre o Planalto e o Congresso em um momento em que o governo tenta conter tensões e preservar a base parlamentar.

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