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terça-feira, 3 de junho, 2025
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Inflação segue pressionada, mas bancos veem fim do ciclo de alta da Selic

Crédito deve crescer 8,5% em 2025, impulsionado por demanda das famílias, aponta Febraban

O crédito no Brasil deverá crescer 8,5% em 2025, com destaque para os recursos destinados às famílias, segundo a Pesquisa de Economia Bancária e Expectativas, divulgada na sexta-feira (30) pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban). O levantamento, realizado com 22 bancos entre os dias 14 e 19 de maio, indica estabilidade em relação à projeção anterior, de 8,6%, mantendo a perspectiva de leve desaceleração no ritmo de expansão do crédito.

A pesquisa aponta que a expectativa de crescimento da carteira de recursos livres caiu marginalmente, de 8,2% para 8,1%, reflexo de uma redução na previsão para o crédito destinado às empresas, que passou de 7,2% para 6,4%. Por outro lado, a estimativa de avanço do crédito para as famílias subiu ligeiramente, de 9,0% para 9,1%, reforçando o papel do consumo das famílias como motor do setor.

Na carteira de crédito direcionado, que inclui financiamento imobiliário, rural e estudantil, a projeção de crescimento permaneceu praticamente estável, passando de 9,0% para 9,1%. Assim como no crédito livre, houve uma leve revisão para baixo no crédito para empresas (de 9,3% para 9,1%) e um pequeno avanço na estimativa para pessoas físicas (de 8,8% para 8,9%).

O levantamento também mostra que 55% dos analistas esperam um crescimento próximo a dois dígitos no crédito às famílias, percentual superior ao observado na pesquisa de março (50%), o que indica melhora nas expectativas para esse segmento.

“Apesar do aumento da incerteza no cenário internacional e da continuidade do ciclo de alta da Selic desde a última pesquisa, as revisões para o crescimento do crédito foram bastante marginais”, afirma Rubens Sardenberg, diretor de Economia, Regulação Prudencial e Riscos da Febraban.

Sardenberg destaca que, mesmo com sinais de desaceleração, o crédito deve seguir em trajetória de expansão, sobretudo no segmento de pessoas físicas, beneficiado por fatores como o mercado de trabalho aquecido, a ampliação dos benefícios sociais e o lançamento do programa Crédito ao Trabalhador.

Inadimplência segue como preocupação

A pesquisa da Febraban também aponta que a inadimplência permanece em patamar elevado e sem sinais de recuo no curto prazo. A expectativa é que a taxa na carteira de recursos livres se mantenha em 4,7% em 2025, o mesmo percentual projetado para 2026, e acima dos 4,4% registrados em março, segundo dados do Banco Central.

Projeções para 2026 e juros

Para 2026, a expectativa é de uma leve desaceleração no crescimento do crédito, com avanço estimado em 7,6%, abaixo dos 7,8% projetados na pesquisa anterior. O recuo se deve, principalmente, à redução na projeção para o crédito livre (de 7,3% para 7,1%), enquanto a expectativa para a carteira direcionada subiu de 8,3% para 8,5%.

No que se refere à taxa Selic, 68,2% dos entrevistados avaliam que o Copom sinalizou o fim do ciclo de alta, mas alertam que novos dados de inflação e atividade econômica podem provocar uma nova elevação dos juros. A mediana das projeções aponta uma Selic em 14,75% ao ano até o fim de 2025, abaixo dos 15% previstos na pesquisa anterior.

PIB e inflação

As expectativas para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2025 mostram um cenário dividido: 45,5% dos analistas projetam crescimento próximo a 2,0%, enquanto o mesmo percentual aposta em expansão superior a esse patamar, sinalizando leve melhora no otimismo em relação à pesquisa de março.

Por outro lado, a inflação segue como fonte de preocupação. 77,3% dos entrevistados projetam que o IPCA ficará entre 5,0% e 5,5% em 2025, enquanto 22,7% acreditam que o índice poderá se aproximar de 6,0%, cenário que indica manutenção das pressões inflacionárias no horizonte.

Cenário externo: foco nos EUA

No ambiente internacional, os analistas acompanham com atenção a economia dos Estados Unidos, onde, apesar das incertezas geradas pela política comercial da administração Trump, 81,8% dos entrevistados apostam em uma desaceleração gradual da atividade, sem risco iminente de recessão.

Nesse contexto, a expectativa majoritária (90,9%) é que o Federal Reserve (Fed) promova apenas um ou dois cortes de 0,25 ponto percentual na taxa de juros ao longo de 2025, indicando um processo de flexibilização monetária mais cauteloso.

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