A concessão de crédito consignado para aposentados e pensionistas do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) despencou pela metade nos últimos três meses, após a adoção de medidas de segurança contra fraudes que começaram a valer em maio deste ano.
De acordo com dados divulgados pelo Banco Central na quarta-feira (27), em julho foram concedidos R$ 4,8 bilhões em consignados, valor 49% menor que o registrado no mesmo mês de 2024, quando somou R$ 9,4 bilhões.
A queda começou em maio, quando os empréstimos somaram apenas R$ 3,1 bilhões — um recuo de 61% em relação ao mesmo mês do ano passado. Em junho, a retração se manteve no mesmo patamar, caindo de R$ 8,3 bilhões em 2024 para R$ 3,2 bilhões em 2025.
Bloqueios e novas regras
O freio nas concessões ocorreu após denúncias de descontos indevidos de associações nos extratos de aposentados e pensionistas. No dia 9 de maio, o INSS chegou a bloquear todos os benefícios para empréstimos.
Com as mudanças, o crédito só é liberado após três etapas de confirmação: biometria do beneficiário, contrato com o banco e confirmação final no aplicativo ou site Meu INSS.
Consignados em números
Atualmente, existem 58,7 milhões de contratos ativos de crédito consignado vinculados ao INSS, o que representa 42% de todos os contratos dessa modalidade no país.
Aposentados e pensionistas podem comprometer até 45% do benefício com empréstimos. O teto da taxa de juros é de 1,85% ao mês, enquanto no cartão consignado chega a 2,46% ao mês.
O que mudou para os segurados
Antes, bancos tinham acesso à margem consignável de aposentados e pensionistas e podiam oferecer crédito sem solicitação. Agora, com a checagem por biometria, o segurado decide se autoriza ou não que suas informações fiquem disponíveis para instituições financeiras.
Além disso:
- Algumas instituições foram impedidas de operar novos consignados;
- O INSS firmou acordo com o Ministério da Justiça e a Senacon para monitorar reclamações e aplicar sanções a bancos;
- Foi suspensa a concessão de consignados em nome de menores, tutelados e curatelados sem autorização judicial.
As mudanças buscam reduzir fraudes e proteger os beneficiários, mas a queda nas liberações indica que a adaptação ao novo sistema ainda está em curso.