Tribunal do Júri: Jamilzinho e outros dois vão a julgamento popular pela morte de estudante

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Matheus Coutinho Xavier, de 20 anos, foi morto com tiros de fuzil em frente de sua casa, em abril de 2019 em Campo Grande.

Nesta segunda-feira (17), deve ter início o julgamento mais aguardado dos últimos anos em Mato Grosso do Sul. O empresário Jamil Name Filho, o guarda municipal Marcelo Rios e o policial civil Vladenilson Daniel Olmedo vão a júri popular pele morte do estudante Matheus Coutinho Xavier, 20 anos, ocorrido em abril de 2019.

No calendário, De acordo com o juiz Aluízio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri, reservou toda a semana para julgamento dos réus.

São réus na ação penal, o empresário Jamil Name Filho, o “Jamilzinho” ou “Guri”, como mandante do crime de pistolagem, o ex-guarda civil Marcelo Rios, e o policial Vladenilson Olmedo. Os dois agentes de segurança teriam, conforme a acusação, intermediado a contratação de assassinos de aluguel.

Os citados estão presos no presídio de segurança máxima de Mossoró (RN) e serão transferidos para Campo Grande, em esquema sigiloso.

O caso também tinha como acusado Jamil Name, que morreu na cadeia, em maio de 2020, vítima da covid-19. Pai de “Jamilzinho”, ele também era apontado como mandante da morte.

O crime em julgamento

Eles são acusados pela morte do estudante de Direito, Matheus Coutinho Xavier, em 9 de abril de 2019, quando foi assassinado com tiros de fuzil AK-47, no bairro Jardim Bela Vista, em Campo Grande, no momento em que manobrava a caminhonete do pai. O alvo verdadeiro, de acordo com as investigações, era o pai do jovem, Paulo Roberto Teixeira Xavier, ex-capitão da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, considerado desafeto da família Name.

Tribunal do Júri: Jamilzinho e outros dois vão a julgamento popular pela morte de estudante
Matheus Coutinho Xavier, que foi executado em emboscada para o pai. (Foto: redes sociais)

Segurança reforçada

A expectativa é que o julgamento mobilize mais de 40 pessoas, considerando o efetivo policial à disposição da segurança do prédio do Fórum da Capital, advogados da defesa, promotores, assistente de acusação, o trio de presos e servidores da justiça. Isso sem contar a cobertura da imprensa e o público de espectadores.

Um esquema de segurança prevê que os jurados dormirão em um hotel, além da segurança do magistrado.

O caso

Segundo relatório do Garras, o policial militar aposentado Paulo Roberto Xavier era o verdadeiro alvo da organização criminosa na execução que resultou na morte do seu filho.

A investigação, que culminou na Operação Omertà, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), aponta que o homem apontado como chefe da organização criminosa, o empresário Jamil Name, acreditava que Paulo Roberto Xavier tinha se aliado a um advogado, com quem ele tinha tido um desacordo em negociação de fazendas que pertenceram ao reverendo Moon localizadas em Jardim e em Campo Grande.

Por conta do revés nos negócios, Jamil Name, conforme o relatório da polícia, teria dado ordem para matar o advogado, a esposa dele e seu filho, além do ex-policial militar.

O advogado de defesa da família Name, Renê Siufi, disse na época, que as acusações de que seus clientes lideram a organização criminosa é uma “piada” e que está sendo apresentada somente a versão do Ministério Público. Disse que em juízo, Jamil Name e Jamil Name Filho, apresentarão os esclarecimentos necessários.

Em relação a acusação de que Jamil Name teria dado a ordem para matar o ex-policial militar Paulo Roberto Xavier, disse que não sabe nada a respeito e que seus clientes negam qualquer envolvimento com esse e outros crimes.

Paulo Roberto Xavier, de acordo com a investigação, já era conhecido da família Name. Ele tinha, inclusive, trabalhado como segurança do segundo homem na hierarquia do grupo criminoso, Jamil Name Filho. Foi o ex-policial militar que presenciou a briga entre ‘Guri’, como era conhecido Name Filho, e o empresário Marcelo Colombo, o ‘Playboy’, em uma boate em Campo Grande, em 2013.

Testemunhas e investigados relataram à polícia, que por conta dessa briga, que começou porque Colombo pegou um pedaço de gelo no balde de bebidas de Name Filho, e terminou com ‘Playboy’ empurrando o rosto de ‘Guri’, teria sido dada ordem de execução do empresário. Colombo foi morto no dia 18 de outubro de 2018, em um bar em Campo Grande.

Mesmo com a prestação de serviço para os Name, a investigação do Garras, aponta que o ex-policial militar entrou na alça de mira da família.