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sábado, 14 de junho, 2025
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LCIs e LCAs na mira do Imposto de Renda: poupança pode voltar ao radar de investidores?

O governo federal encaminhou ao Congresso Nacional uma medida provisória (MP) que propõe mudanças significativas na tributação de investimentos de renda fixa. Entre as principais alterações, está a criação de uma alíquota de 5% de Imposto de Renda (IR) sobre aplicações que atualmente são isentas, como as Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs).

Além disso, a MP estabelece uma alíquota fixa de 17,5% para outras modalidades de renda fixa, que hoje têm tributação variável entre 15% e 22,5%, dependendo do prazo e do montante aplicado. A medida tem como objetivo compensar a redução de arrecadação com o recuo no IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).

Poupança pode ganhar atratividade?

Com a nova tributação, surge a dúvida: a caderneta de poupança, que segue isenta de IR, pode voltar a ser uma opção mais vantajosa para os investidores? Para Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor-executivo de estudos e pesquisas da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças), a resposta é: depende.

“Esses fundos que passam a ser tributados podem, sim, perder alguma atratividade, principalmente para o investidor de pequeno porte. No entanto, o rendimento geral ainda continuará sendo superior ao da poupança, por causa do patamar elevado da taxa Selic”, avalia Oliveira.

A Selic, atualmente em 14,75% ao ano, deve permanecer nesse nível após a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, prevista para esta semana.

Tributação x Rentabilidade

Oliveira destaca que a nova tributação reduz o ganho líquido dos investidores, mas lembra que boa parte das aplicações em renda fixa já era tributada anteriormente e, mesmo assim, seguia oferecendo rendimento superior ao da poupança.

“Para quem faz aplicações de pequeno valor, a poupança pode voltar a ser uma alternativa mais interessante, principalmente por conta das altas taxas de administração cobradas pelos bancos em fundos de investimento”, explicou.

Ainda assim, segundo o especialista, os fundos de renda fixa que antes eram isentos continuarão atrativos enquanto a Selic permanecer em patamares elevados. “Mesmo com a nova tributação, esses fundos continuarão se destacando pelo rendimento superior”, reforçou.

Ganho real da poupança

A poupança tem apresentado ganho real – ou seja, rendimento acima da inflação – desde 2022. Segundo levantamento da Economatica, o retorno acumulado até abril deste ano foi de 11,29%, com um ganho real de 3,59%, considerando o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) do período.

Apesar disso, a caderneta não tem sido a escolha principal dos investidores. Entre janeiro e maio de 2025, os saques superaram os depósitos em R$ 51,77 bilhões, conforme dados do Banco Central. O movimento reflete a preferência por outras aplicações que, mesmo com incidência de impostos, oferecem retornos mais altos no atual cenário de juros elevados.

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