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sábado, 25 de outubro, 2025
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Lewandowski quer criar coordenação nacional da PF para atuação em fronteiras

Nova unidade estratégica deve integrar operações e combater a fragmentação das ações de segurança nas áreas mais vulneráveis do país

O Ministério da Justiça e Segurança Pública estuda a criação de uma nova unidade estratégica da Polícia Federal (PF) voltada ao fortalecimento da atuação da corporação nas regiões de fronteira e no enfrentamento de organizações criminosas que operam no Brasil e em países vizinhos da América do Sul. A informação foi apurada com fontes envolvidas nas discussões.

A medida faz parte de um plano de modernização da estrutura da PF, proposto pelo ministro Ricardo Lewandowski. O objetivo é ampliar a capacidade de resposta da corporação diante do aumento da complexidade e do volume de crimes transnacionais, como tráfico de drogas e armas, contrabando, crimes ambientais e lavagem de dinheiro.

Estrutura insuficiente

De acordo com uma minuta do projeto em análise, à qual a reportagem teve acesso, a PF não possui hoje uma coordenação centralizada capaz de integrar e supervisionar de forma eficaz as operações ao longo dos 16,8 mil quilômetros de fronteiras que separam o Brasil de dez países da América do Sul.

Fontes ouvidas pela reportagem afirmam que essa lacuna estrutural tem provocado fragmentação institucional, sobreposição de esforços e desperdício de recursos, o que compromete a eficiência no combate ao crime organizado.

“Falta integração, planejamento estratégico e uma gestão territorial articulada. Essa fragilidade abre espaço para o avanço de redes criminosas transnacionais”, avaliou uma das fontes.

Criação da Coordenação-Geral de Fronteiras

Para enfrentar o problema, o governo pretende criar a Coordenação-Geral de Fronteiras, uma unidade permanente responsável por formular, planejar, coordenar e supervisionar todas as ações da PF nas regiões fronteiriças.

A proposta prevê que o novo órgão funcione como um centro nacional de articulação, com capacidade para coordenar operações conjuntas, empregar tecnologias de vigilância e monitoramento e controlar programas de segurança em parceria com países vizinhos.

A estrutura incluiria três divisões geográficas — Arco Norte, Arco Central e Arco Sul —, além de um Serviço de Planejamento Integrado e setores de apoio administrativo e de gestão de dados. A expectativa é que o modelo permita uma visão territorial mais ampla e o uso eficiente de informações estratégicas, favorecendo o planejamento de médio e longo prazo.

Fronteiras vulneráveis

O governo reconhece que é necessário reforçar a presença do Estado nas áreas de fronteira, que abrangem onze estados, 588 municípios, dez tríplices fronteiras e 33 cidades gêmeas — locais onde cidades brasileiras fazem divisa direta com municípios estrangeiros e possuem grande potencial de integração econômica e cultural.

Atualmente, grande parte das ações de segurança nessas regiões depende de articulações pontuais e resultados de curto prazo, considerados insuficientes diante da estrutura e da capilaridade das organizações criminosas.

Com a nova coordenação, a PF espera consolidar uma atuação mais integrada e permanente, capaz de reunir setores da segurança pública, da economia e até da saúde em uma abordagem multissetorial para o enfrentamento de crimes transfronteiriços.

A proposta ainda está em fase de análise técnica e deve ser apresentada oficialmente após ajustes finais no Ministério da Justiça.

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