O presidente Luiz Inácio Lula da Silva inicia a semana com uma agenda internacional e regional marcada por dois compromissos estratégicos. Na manhã desta segunda-feira (8), ele participa de uma reunião virtual de líderes do Brics, em meio às tensões comerciais provocadas pelo tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. À tarde, Lula estará em Manaus para lançar o Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia, voltado ao combate ao narcotráfico, contrabando, garimpo ilegal e tráfico de armas.
Brics em meio à pressão tarifária
O encontro do Brics foi definido após consultas diplomáticas e deve tratar da crise do multilateralismo, das guerras na Ucrânia e na Faixa de Gaza e da COP30. Embora o tarifaço de Trump não esteja oficialmente na pauta, a expectativa é que o tema seja levantado durante os debates por videoconferência.
Desde julho, quando o bloco realizou sua cúpula no Rio de Janeiro, a posição oficial tem sido cautelosa. Na ocasião, os líderes se limitaram a citar “ações restritivas” ao comércio, sem mencionar os Estados Unidos. O comunicado alertou que o aumento indiscriminado de tarifas ameaça o comércio global e defendia a OMC (Organização Mundial do Comércio) como núcleo regulador.
Com a ampliação para 11 membros, o Brics ganhou legitimidade política, mas também aumentou as divergências internas. Países como Egito, Emirados Árabes e Arábia Saudita têm proximidade com Washington, o que dificulta uma reação unificada contra os EUA.
O tarifaço se agravou desde então. Brasil e Índia foram taxados em 50%, a alíquota mais alta. Rússia, Egito, Irã, Emirados e Arábia Saudita receberam tarifa mínima de 10%, enquanto a China teve sua alíquota reduzida para 30% após negociações. Para diplomatas brasileiros, dificilmente a reunião resultará em um posicionamento mais duro contra Trump.
Centro policial na Amazônia
Ainda nesta semana, Lula cumpre agenda em Manaus, onde inaugura o Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia, com a participação de países da região. O presidente destacou a importância da iniciativa durante a cúpula da OTCA (Organização do Tratado de Cooperação Amazônica), em Bogotá, no fim de agosto.
“O centro será muito importante para combater o garimpo ilegal, o contrabando, o tráfico de armas e o narcotráfico, que é um dos maiores desafios da região”, afirmou. Lula pretende convidar pessoalmente presidentes dos países amazônicos para participar do ato.
Outras pautas
O governo também deve sancionar, nesta semana, o projeto de lei conhecido como ECA Digital ou PL da adultização, que endurece medidas de proteção a crianças e adolescentes no ambiente online.
A reunião do Brics, por sua vez, ocorre com a perspectiva de mais declarações em defesa do multilateralismo, mas sem consenso para enfrentar diretamente a política tarifária dos Estados Unidos.