O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou, nesta quinta-feira (4), em Belo Horizonte (MG), o programa Gás do Povo, que vai garantir a gratuidade na aquisição do botijão de gás de cozinha para famílias de baixa renda. Em Mato Grosso do Sul, 159.709 famílias serão contempladas com o benefício.
No total, 15,5 milhões de famílias em todo o país — cerca de 50 milhões de pessoas — terão acesso ao programa. A iniciativa substitui o Auxílio Gás e tem como objetivo reduzir desigualdades, promover segurança alimentar e melhorar a qualidade de vida de famílias vulneráveis.
Segundo o presidente Lula, o gás de cozinha é item essencial e não deve comprometer parte significativa do orçamento das famílias.
— “Nós estamos assumindo a responsabilidade de que uma pessoa não pode gastar 10% do salário mínimo para comprar gás. A gente vai arcar com a responsabilidade de fazer com que as pessoas mais pobres possam receber o gás de graça”, afirmou.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, destacou que o programa combate a pobreza energética e reduz riscos à saúde, já que muitas famílias ainda recorrem à lenha ou a combustíveis tóxicos para cozinhar.
— “O Gás do Povo garante alívio no orçamento das famílias, protege a saúde, principalmente de mulheres e crianças, e assegura dignidade social”, disse.
Como funciona
O benefício será destinado a famílias inscritas no Cadastro Único (CadÚnico), com renda de até meio salário mínimo (R$ 759) por pessoa, com prioridade para beneficiários do Bolsa Família. O número de botijões gratuitos varia conforme o tamanho da família:
- 2 integrantes: até 3 botijões por ano;
- 3 integrantes: até 4 botijões por ano;
- 4 ou mais integrantes: até 6 botijões por ano.
A retirada será feita diretamente em revendas credenciadas, por meio de um vale digital validado eletronicamente, sem intermediários. A gestão do programa será feita pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS).
Impacto social e de saúde
De acordo com dados do IBGE (2022), 12,7 milhões de famílias brasileiras ainda utilizam lenha junto ao gás de cozinha — sendo 5 milhões delas de baixa renda. A queima de lenha expõe moradores, especialmente mulheres e crianças, a níveis de poluentes até 33 vezes superiores aos limites recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), aumentando os riscos de doenças respiratórias graves.
Além da saúde, a dependência da lenha compromete o tempo das famílias. Estima-se que sejam gastas, em média, 18 horas semanais na coleta do material, o que reduz a frequência escolar e o tempo de estudo das crianças.
Investimento
O governo prevê que, a partir de março de 2025, 100% do público-alvo já esteja atendido, com a distribuição de 65 milhões de botijões por ano. Para este ano, serão investidos R$ 3,57 milhões. Em 2026, o orçamento deve chegar a R$ 5,1 bilhões.
A região Nordeste será a mais beneficiada, com 7,1 milhões de famílias atendidas, seguida pelo Sudeste (4,4 milhões), Norte (2,1 milhões), Sul (1,1 milhão) e Centro-Oeste (889 mil).