17.8 C
Campo Grande
quarta-feira, 20 de agosto, 2025
spot_img

Marketcap das stablecoins em real chega a R$ 135 milhões

Um levantamento recém-divulgado pela Iporanga Ventures indica que as stablecoins lastreadas em real somam cerca de R$ 135 milhões de capitalização em circulação, algo em torno de 25 milhões de dólares.

O recorte mostra 71.391 detentores, 5 emissores e presença em 6 blockchains, com cREAL, BRLA, BRZ, BRL1 e BBRL entre os principais tokens monitorados. Além disso, o estudo contextualiza a relevância global do fenômeno.

Só em 2024, stablecoins processaram mais de 13 trilhões de dólares em transações no mundo, volume comparável ao liquidado pela Visa no ano, segundo a própria Iporanga e dados citados da Chainalysis.

Os dados do mercado BRL em 2025

No Brasil, os dados ajudam a explicar por que stablecoins deixaram de ser experimento e passaram a compor a infraestrutura de pagamentos, com o Pix atuando como trilho doméstico para entradas e saídas.

O encaixe com soluções instantâneas e programáveis acelera liquidações e reduz fricção em operações de câmbio, comércio exterior e pagamentos B2B. O estudo mostra um ecossistema ainda pequeno em estoque, mas crescente em tração.

Além do marketcap de R$ 135 milhões, a base de detentores supera 71 mil endereços on-chain. Entre os emissores, o cREAL detém a maior fatia do suprimento, enquanto a BRL1 aparece como a segunda maior oferta.

O BRZ segue relevante em volumes e presença multichain. Em redes, a emissão tem concentração na Polygon, com tendência de migração de parte do fluxo para arquiteturas rápidas e baratas à medida que casos de uso em pagamentos ganham escala.

Para entender as vias de entrada nesse ecossistema, faz diferença comparar custos e prazos entre Pix, transferência bancária, OTC e cartão. Em plataformas reguladas, o cartão pode agilizar a compra inicial de cripto, mas costuma ter taxa maior que Pix ou TED.

Por isso, antes de mover valores, é importante saber como comprar criptomoedas com cartão de crédito e checar políticas de KYC, limites e liquidação de cada provedor, incluindo o IOF quando aplicável.

Embora o estoque circulante em BRL esteja na casa de 23-25 milhões de dólares, a giro surpreende. Segundo a Iporanga, as stablecoins em real movimentaram mais de 920 milhões de dólares no último ano.

E, em cenários conservadores, poderiam superar 132 bilhões de dólares por ano ao capturar só 10% de remessas e trade finance, com economia potencial de 6,6 bilhões de dólares em taxas e intermediação.

Pix como trilho doméstico e casos de uso que já fazem diferença

A leitura é de que o público brasileiro já está mais maduro no uso de stablecoins e que a concorrência entre emissores tende a melhorar preço/qualidade para o usuário final. O Pix é peça central nessa história. Em 2024, o sistema bateu recordes de uso e se estabeleceu como meio preferido para liquidações instantâneas.

Inclusive em picos de consumo, como a Black Friday, quando o valor transacionado mais que dobrou e o número de operações atingiu 239,9 milhões em um único dia, segundo dados do Banco Central. Para o dia a dia, isso significa que entradas/saídas entre bancos e carteiras cripto podem ocorrer em segundos, reduzindo o custo de conciliação de pequenas e médias empresas.

A evolução do Pix Automático e do Pix Parcelado tendem a ampliar casos de uso recorrentes e de crédito no varejo, mudanças que, combinadas a stablecoins, podem encurtar ainda mais o ciclo entre compra, recebimento e reconciliação.

O recorte da Iporanga relata cinco emissores/ativos monitorados, com ênfase para a transparência do lastro, rotinas de prova de reservas e o desenho das políticas de resgate, elementos críticos para confiança e precificação próxima de 1:1 com o real.

A distribuição multichain e a oferta nativa em CEX e DeFi criam alcance, mas também fragmentam liquidez, impondo custos de troca quando o usuário precisa “pular” de rede ou de venue para otimizar a execução.

A liquidez ainda é rasa nas pools DeFi em BRL. A Iporanga estima cerca de 1 milhão de dólares de TVL somado, com destaque para a pool BRL-sDAI no Balancer, criada para suportar a operação da Gnosis Pay no país.

A curto prazo, o estudo sugere fortalecer agregadores que conectem CEX, OTC e DeFi para melhorar execução, além de incentivos a market makers e adoção mais ampla por fintechs e grandes exchanges brasileiras, a fim de concentrar profundidade em poucos ativos de referência.

No varejo, crescem os usos de poupança em dólar digital (USDC/USDT) quando há objetivo de manter poder de compra em USD, além de pagamentos a freelancers e criadores. No corporativo, PMEs exportadoras começam a dolarizar fluxos e cobrir câmbio com liquidações instantâneas.

Em meios de pagamento, a integração de stablecoin própria permite testar recompensas e liquidações em POS contornando redes tradicionais de cartão, o que ajuda a comprovar redução de custos em pilotos controlados.

Fale com a Redação