Um protesto realizado por médicos da Santa Casa de Campo Grande, na manhã dessa segunda-feira (27), cobrou o pagamento de salários. Ao todo, 400 profissionais que têm contrato no sistema de Pessoa Jurídica (PJ) com o maior hospital público de Mato Grosso do Sul estão sem receber há pelo menos cinco meses.
A manifestação envolveu cerca de 20 médicos e ocorreu na recepção principal da Santa Casa, surpreendendo pacientes e acompanhantes que aguardavam pelo atendimento. Aos jornalistas, a diretora clínica e cardiologista Izabel Falcão, que representou a categoria, informou que algumas especialidades não estão atendendo desde agosto,.
O contrato desses médicos prevê que, após dois a três meses de atraso, é possível a suspensão de serviços. O CRM (Conselho Regional de Medicina), Ministério Público e a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) já foram notificados há três meses, porém, até agora nenhuma providência foi tomada.
A representante ainda ressaltou que os médicos já emitiram a nota fiscal e pagaram os impostos sobre os valores não recebidos. “Muitas dessas especialidades trabalham exclusivamente na Santa Casa, como a cirurgia cardíaca pediátrica, e não têm outra fonte de renda”, afirmou. O hospital paga R$ 7,5 milhões por mês aos médicos PH, totalizando aproximadamente R$ 35 milhões em dívidas,
Os médicos reforçaram que, mesmo assim, continuam atendendo e fornecendo assistência para a população. Presente no protesto, o presidente do SinMed (Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul), Marcelo Santana Silveira, afirmou que a falta de pagamento decorre do atraso nos repasses municipais e estaduais à Santa Casa.
Entre as especialidades afetadas estão cirurgia cardíaca, pediátrica, vascular, plástica, urologia, anestesia, ortopedia e radiologia. Hematologia e oncologia seguem atendendo normalmente. O hospital disse que as prioridades cirúrgicas continuam sendo definidas pela diretoria, garantindo o atendimento de urgências e emergências.
Em nome da Santa Casa, a diretora-presidente Alir Terra considerou justa a manifestação e explicou que o hospital atende cerca de 90% dos pacientes pelo SUS e o contrato com o Município não sofre reajuste há dois anos. “A Santa Casa judicializou a situação e aguarda uma decisão para que os entes públicos negociem uma solução”, destacou.











