Médicos da Santa Casa decidem em assembleia sobre greve nesta segunda-feira

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Atraso no 13º leva médicos da Santa Casa de Campo Grande a convocar assembleia (Divulgação/Sinmed/MS)

Categoria questiona atraso no 13º salário e ajuizou ação para pagamento integral

A Santa Casa de Campo Grande enfrenta um impasse com seus médicos por causa do atraso no pagamento do 13º salário, e a definição sobre uma possível greve será decidida em assembleia nesta segunda-feira (29). Enquanto outras categorias da instituição já firmaram acordo, os médicos ainda avaliam medidas judiciais para garantir o pagamento integral.

O Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul (SinMed/MS) convocou os profissionais da Santa Casa para uma assembleia extraordinária, marcada para às 19h, na sede do sindicato, no Centro de Campo Grande. A reunião terá segunda chamada às 19h30 caso necessário.

Segundo o presidente do sindicato, Marcelo Santana Silveira, a direção do hospital não buscou negociação direta com os médicos e não apresentou previsão oficial de pagamento. “Não chegaram a chamar os médicos para acordo algum. Não pagaram, simplesmente, e não propuseram data para pagar. Genérica e previamente, haviam proposto pagar todos os trabalhadores em três vezes a partir de janeiro”, afirmou.

Enquanto isso, outras categorias, como enfermeiros, técnicos de enfermagem e funcionários administrativos e de limpeza, aceitaram acordo parcelado: 50% do 13º salário foi pago em 24 de dezembro, e o restante será quitado em 10 de janeiro de 2026, encerrando a paralisação iniciada na última segunda-feira (22).

+ 13º atrasado será pago em duas vezes e paralisação geral na Santa Casa é encerrada

Os médicos, por sua vez, decidiram não iniciar greve imediata, alegando compromisso ético com o atendimento dos pacientes do SUS, mas ajuizaram uma ação civil coletiva com pedido de liminar exigindo o pagamento integral e imediato do 13º, além do bloqueio de bens da entidade mantenedora do hospital e indenização por danos morais de R$ 500 mil.

O sindicato afirma que, mesmo sem paralisação oficial, a Santa Casa começou a preparar ações que poderiam caracterizar lockout, segundo os advogados. Cinco horas antes da assembleia, a instituição enviou documento ao SinMed informando sobre esses preparativos, interpretados pelo presidente Marcelo Santana como tentativa de dificultar a negociação.

O Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso do Sul (CRM-MS) já manifestou apoio aos médicos, apontando atrasos de salários de até seis meses para profissionais contratados, e de três a quatro meses para médicos autônomos. A entidade também relatou denúncias sobre falta de insumos e condições inadequadas de trabalho.

Até a assembleia, que pode definir paralisação ou continuidade do atendimento, o impasse permanece sem solução, com negociações conduzidas pelo sindicato e acompanhamento do Ministério Público do Trabalho.