Mestranda da UFGD investiga a inclusão das mulheres deficientes no ensino superior

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Caroliny estuda a inclusão de mulheres deficientes na UFGD

Diagnosticada com uma osteonecrose no fêmur – doença que causa a morte do tecido ósseo devido à falta de irrigação sanguínea –, Caroliny Diniz Pitthan Dal Vesco, de 31 anos, convive diariamente com dores intensas e dificuldade de locomoção por conta da doença. Esse processo de descoberta da patologia e o início dos estudos no programa de pós-graduação, motivaram a estudante a investigar como ocorre a inclusão das mulheres deficientes na universidade, assim como seus sonhos, metas e barreiras.

“Em 2018, eu decidi que iria tentar o processo seletivo do Programa de Pós-graduação de Sociologia da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). Sou formada em Administração desde 2014 pela mesma universidade. Não passei pelo processo naquele ano e então decidi cursar algumas disciplinas como aluna especial para conhecer melhor o programa, enquanto me preparava para o processo seletivo do ano seguinte”, relembra a estudante.

E foi durante os estudos que Caroliny recebeu o diagnóstico de osteonecrose no fêmur, que resultou em uma severa artrose no quadril. “Já sentia dores há pelo menos três anos, mas o diagnóstico só foi fechado neste ano, quando eu apresentava dificuldades de locomoção e uso de muletas. A artrose infelizmente chegou no estágio mais avançado possível e a única solução era a prótese total de quadril esquerdo e direito. Neste ano, cursando as disciplinas e passando por dificuldades de locomoção e dores, surgiu meu interesse por saber o que as acadêmicas que tinham deficiência passavam também, se enfrentavam alguma dificuldade, o que elas pensavam, quais eram seus sonhos, suas metas, suas limitações e o que a universidade representava para elas”, afirma.

Caroliny foi aprovada na seleção de mestrado e, desde então, desenvolve a pesquisa intitulada “As percepções sobre reconhecimento e inclusão das acadêmicas deficientes na UFGD”, sob orientação do professor doutor Marcelo da Silveira Campos.

“Procuro com minha pesquisa conhecer melhor as acadêmicas deficientes, conhecer quais suas limitações, seus sonhos, metas, barreiras que enfrentam na Universidade e o que o Núcleo Multidisciplinar para Inclusão e Acessibilidade da Universidade Federal da Grande Dourados (NuMIAc) representa para elas”, frisa.

Caroliny já levantou alguns dados importantes para a pesquisa. Por enquanto, segundo a estudante, há 63 mulheres autodeclaradas deficientes na UFGD, sendo que 24 são do curso Letras-Libras, sete de Medicina, cinco de Direito, quatro de Psicologia, três de Relações Internacionais, três de Biotecnologia, duas de Letras/Licenciatura e uma em cada curso de Ciências Contábeis, Licenciatura em Educação do Campo, História, Ciências Biológicas, Engenharia Agrícola, Geografia, Ciências Biológicas, Química, Administração, Engenharia Civil, Engenharia de Energia, Educação Física, Pedagogia, Agronomia e Artes Cênicas.

Aprovada como bolsista de Mestrado da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul (Fundect) – Chamada N° 17/2019) – Caroliny frisa que o incentivo é essencial para continuar com os estudos. “A bolsa contribuiu muito no sentido de permitir que eu me dedique em tempo integral às disciplinas do mestrado, ao estudo das teorias que permeiam minha dissertação e à própria pesquisa. Consigo me manter, comprar livros e ter dedicação exclusiva aos estudos, participar de eventos, estudos, seminários e congressos sempre que possível”, ressalta.

Entre os próximos passos da pesquisa estão a finalização dos capítulos teóricos e a elaboração de roteiro para as entrevistas. “Estou em processo de finalização dos capítulos teóricos e início da escrita da metodologia. Paralelo a isso, conto com alguns dados preliminares cedidos pelo NuMIAc, a elaboração do roteiro de entrevista de uma colaboradora do NuMIAc e demais entrevistadas e, em breve, será a aplicação dos formulários que visam traçar o perfil das acadêmicas deficientes da UFGD para a obtenção de dados para a qualificação que deve acontecer na segunda quinzena de agosto”, pontua.

Jornalista Naiane Mesquita, do projeto Mídia Ciência de Jornalismo Científico – Quando a ciência fala, a gente escuta!

Fonte: Ascom UFGD