Projeto capacita Agentes Indígenas de Saúde Terena e lança e-book e documentário sobre alimentação local
Entre receitas ancestrais, histórias compartilhadas e práticas de cuidado passadas de geração em geração, comunidades indígenas de Miranda mostram que tradição e saúde podem caminhar juntas. Durante a I Mostra de Experiências sobre Segurança Alimentar na Prática dos Agentes Indígenas de Saúde, o diálogo entre saberes tradicionais e conhecimento técnico foi colocado em destaque como caminho para promover saúde com identidade e pertencimento.
O evento apresentou os resultados do projeto “Alimentando Tradições, Cultivando Saúde: Capacitação Terena no Cuidado Nutricional e Manejo da Obesidade”, que ao longo de 2025 qualificou os Agentes Indígenas de Saúde (AIS) Terena para atuar na atenção nutricional e no cuidado da obesidade nas aldeias. A mostra funcionou como espaço de troca de experiências, debate e construção coletiva de estratégias para ampliar o cuidado nutricional nos territórios indígenas, reforçando o protagonismo dos AIS.
A programação contou com o lançamento de dois produtos do projeto: o e-book “Resgatando os Saberes Tradicionais na Alimentação Indígena Terena” e o documentário “Hîhi – Resgatando a Memória da Culinária Terena”, que registra, entre outros saberes, o preparo tradicional do bolo de mandioca, símbolo da cultura alimentar do povo Terena.
O projeto foi realizado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES), por meio da Escola de Saúde Pública Dr. Jorge David Nasser e da Escola Técnica do SUS Professora Ena de Araújo Galvão, com apoio da gerência de Alimentação e Nutrição e parceria com a ASMAN (Associação Sul-Mato-Grossense de Nutrição).
Para o diretor da Escola Técnica do SUS, Newton Gonçalves de Figueiredo, a mostra evidencia a consolidação de um trabalho construído coletivamente. “Este momento evidencia o protagonismo dos Agentes Indígenas de Saúde e o fortalecimento das práticas de promoção da saúde e da segurança alimentar. As ações já contribuem para a melhoria da qualidade de vida, integrando conhecimento, cultura e cuidado em saúde”, afirmou.
A gerente de Pesquisa, Extensão e Inovação em Saúde da Escola de Saúde Pública, Inara Pereira da Cunha, explicou que o projeto, iniciado em 2024 e contemplado na chamada Fundect, utilizou curso a distância, oficinas presenciais e ações comunitárias. “A partir do olhar dos participantes sobre o território, surgiram produtos como o e-book em língua Terena e o documentário, fortalecendo o resgate cultural e o protagonismo comunitário”, disse.
O gerente de Alimentação e Nutrição da SES, Anderson Holsbach, destacou o caráter intersetorial da iniciativa. “Os resultados reforçam a articulação entre diferentes áreas da SES em favor da saúde alimentar e nutricional. Em um estado com alta prevalência de obesidade, carências nutricionais e uma das maiores populações indígenas do país, o projeto responde diretamente às necessidades da Política Nacional de Alimentação e Nutrição”, afirmou.
A experiência em Miranda mostra que a promoção da saúde nos territórios indígenas passa pelo reconhecimento da tradição como aliada na construção de soluções sustentáveis, coletivas e culturalmente significativas.




















