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sexta-feira, 3 de outubro, 2025
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MPMS instaura inquérito e dá prazo de 10 dias para órgãos e associações se manifestarem sobre bebidas falsas

Em meio a um cenário nacional preocupante, com registro de pelo menos cinco mortes e internações graves por intoxicação por metanol em estados como São Paulo, Pernambuco e o Distrito Federal, o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) instaurou um procedimento administrativo para apurar e cobrar maior fiscalização nas indústrias de bebidas e revendedoras.

Foram intimadas: Superintendência Federal de Agricultura e Pecuária, Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra as Relações de Consumo (Decon), Superintendência de Defesa do Consumidor (Procon), Secretaria de Estado de Saúde, Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande, Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) e a Associação Sul-Mato-Grossense de Supermercados.

Todos têm 10 dias para prestarem informações sobre fiscalização, compartilhamento de dados e a atuação conjunta contra a fabricação e o comércio de bebidas falsificadas. O MPMS reforçou que existe a previsão de reunir representantes das entidades associativas para debater o problema e buscar soluções preventivas.

MS não tem caso suspeito até agora

O MPMS destacou que, até o momento, não há fornecedor específico identificado como responsável pela comercialização irregular de metanol, “o que reforça a necessidade de apuração técnica e integrada entre os órgãos competentes”. O órgão também orientou a população para que, caso suspeite de adulteração, não consuma o produto e guarde a embalagem, além de denunciar pelos canais da empresa ou no MPMS pelo telefone 157.

Até o momento, o Centro Nacional de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS Nacional) recebeu 59 notificações de intoxicação por metanol no país, sendo 12 confirmados. Desse total, 39 casos em São Paulo (10 confirmados e 29 em investigação) e 4 em investigação em Pernambuco e um em Brasília. Foi registrado um óbito em São Paulo, enquanto outros sete seguem em investigação (cinco em SP e dois em PE).

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, destaca que o reforço tem o objetivo de chamar a atenção dos profissionais de saúde. “É muito importante aumentar o número de notificações de casos suspeitos. Nós já temos um guia para orientar os profissionais: como tratar e como diagnosticar. Além disso, também temos no Brasil o antídoto recomendado, o etanol farmacêutico”, explica.

Orientações para a população   
 
Os principais sintomas devido à intoxicação por metanol podem aparecer entre 12h e 24h após a ingestão da substância. Neste momento em que há uma alta nas notificações, é importante redobrar a atenção porque os sinais se associam aos de uma ressaca comum. São eles: 

  • Dor abdominal; 
  • Visão adulterada; 
  • Confusão mental; 
  • Náusea. 

Diante desses sinais, o paciente deve procurar o atendimento médico no serviço de emergência mais próximo a sua casa para investigação, diagnóstico e tratamento adequado.  

A orientação é que, ao chegar à unidade de saúde, a pessoa com sintomas informe que consumiu bebida alcoólica e em qual contexto. O ideal é que o paciente relate, por exemplo, se esteve em uma festa antes de procurar atendimento no SUS, que tipo de bebida ingeriu, se haviam rótulos nas embalagens e qual foi o horário da ingestão.  

Orientações para os profissionais  

Ao reconhecer que o paciente foi intoxicado por metanol, o profissional de saúde deve ligar para o Centro de Informação e Assistência Toxicológica públicos (CIATox) de sua região para que o serviço de saúde faça a notificação e a investigação do caso. 

Atualmente, existem 32 CIATox, em 19 estados brasileiros, com equipes multidisciplinares de médicos, enfermeiros e farmacêuticos, dentre outros. Os Centros funcionam em hospitais universitários, secretarias estaduais e municipais de saúde, fundações estaduais. 

Tratamento  

Para os casos confirmados de intoxicação por metanol, o antídoto recomendável é o etanol farmacêutico. O produto é feito por laboratórios e farmácias de manipulação, em grau de pureza adequado para uso médico. A administração, intravenosa ou oral, é sempre controlada. Quando há necessidade clínica, os Centros de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox) ou as secretarias de saúde solicitam a manipulação do produto. 

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