Operação no Paraguai prendeu 11 pessoas ligadas ao traficante Jarvis Pavão

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Um dos alvos da operação atirou contra agentes (Foto: Senad)

Pelo menos 11 pessoas foram presas durante a manhã dessa segunda-feira (10) na quarta fase da Operação Pavo Real, desencadeada pela Senad (Secretaria Nacional Antidrogas) do Paraguai, Polícia Federal Brasileira e o Ministério Público. A ação tem como meta cumprir 30 mandados de busca e apreensão e outros 32 de prisão preventiva contra a quadrilha comandada pelo traficante Jarvis Gimenes Pavão, que cumpre pena no Presídio Federal de Brasília (DF).

Segundo o balanço da Senad, entre o detidos está um advogado bastante conhecido no país vizinho e também o esposo de uma promotora local. Os policiais estiveram na casa deste para cumprir o mandado, mas foram recebidos a tiros pelo suspeito. O confronto ocorreu em Pedro Juan Caballero, na fronteira seca com Ponta Porã. Todos os presos irão responder por lavagem de dinheiro.

A operação começou ainda na madrugada em endereços situados nos departamentos de Concepción, Central e Amambay, além da capital Asunción. Houve o confisco 150 milhões de dólares em bens vinculados ao grupo liderado pelo traficante, como 11 empresas, casas de alto padrão, veículos e propriedades rurais. O objetivo da operação é desmantelar a rede patrimonial e financeira montada pela organização ao longo dos quase 30 anos de atividade ligada ao narcotráfico.

Os trabalhos que resultaram na ação de hoje foram levantados pela Equipe Conjunta de Investigação, estabelecida no acordo do Mercosul, e que conseguiu mapear toda a rede financeira ligada ao chamado “Barão das Drogas”. Conforme a Senad, Pavão ingressou no cenário criminoso entre 1994 e 2000.

Procurado no Brasil, se refugiou no Paraguai e se estabeleceu em Pedro Juan Caballero, de onde manejava o tráfico de drogas a grande escala. Ele foi a peça-chave para o ingresso da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) em território paraguaio. O vínculo começou quando Pavão assumiu a negociação do envio de drogas do país vizinho para o Brasil.

No período em que esteve livre no Paraguai, Pavão se apresentava como próspero empresário com negócios em vários ramos, entre os quais hotéis, concessionárias de veículos e fazendas. Em dezembro de 2009, foi preso pela Senad na Operação Capricórnio, junto com Carlos Antonio Caballero, o “Capilo”, homem forte do Primeiro Comando da Capital.

Entretanto, Pavão continuou comandando o envio de grandes quantidades de cocaína para o Rio Grande do Sul. Ao mesmo tempo, liderava a rede de lavagem de dinheiro instalada em território paraguaio. Imóveis e empresas administradas por “testas-de-ferro”, advogados e cartorários foram rastreados.

A relação dos bens estava em manuscrito encontrado na luxuosa cela ocupada por Pavão em Tacumbú, no Paraguai, antes de sua extradição para o Brasil. Lista semelhante foi encontrada no computador de Luan Pavão, um dos filhos de Jarvis e apontado como seu sucessor.