Exame reuniu assuntos atuais e problemas do dia a dia nas provas de Matemática e Ciências da Natureza
O segundo dia do Enem 2025, realizado neste domingo (16), reforçou a conexão entre ciência e cotidiano nas 90 questões aplicadas — 45 de Matemática e 45 de Ciências da Natureza (Biologia, Física e Química). A prova trouxe temas atuais, como mudanças climáticas, eficiência energética, biotecnologia e impactos ambientais, além de referências esportivas e culturais.
Entre os destaques, candidatos responderam questões sobre o lagarto do deserto dos EUA cuja secreção hormonal inspirou o desenvolvimento do Ozempic; remoção de CO₂ da atmosfera; produção de vacinas; recordes de Usain Bolt; descarte inadequado de hormônios; poluição por óleo nos oceanos; reciclagem de plástico; e comparativo entre rendimento de GNV e gasolina. Até uma tirinha da Turma da Mônica apareceu para ilustrar fenômenos sonoros e vibração.
Matemática: cotidiano, gráficos e equilíbrio entre dificuldade e acessibilidade
De acordo com Daniel Lima, professor da Escola SEB AZ Lafaiete, a prova de Matemática explorou amplamente situações reais, incluindo duas questões sobre uso de GNV, comparando rendimento e consumo. Também trouxe dois itens inspirados em videogames, usando suas mecânicas para abordar proporções e relações numéricas.
Uma das questões mais comentadas mencionou Usain Bolt e seus tempos nos 100 metros rasos, servindo de base para cálculos de velocidade média. Outro item tratou de economia de água em descargas, usando garrafas PET no reservatório para discutir volume e proporcionalidade.
Para a professora Monique Covi, do Cursinho da Poli, o nível foi médio, com forte presença de estatística, probabilidade, porcentagens, equações e análise de gráficos. Apesar dos muitos textos, grande parte das questões foi considerada de baixa a média complexidade.
Ela identificou ainda cerca de 30 itens com enunciados curtos e apoio visual em tabelas, gráficos e figuras, o que ajudou a equilibrar o exame.
Os maiores desafios ficaram por conta de trigonometria, geometria analítica, probabilidade e logaritmos. Em geometria espacial, uma pergunta exigia comparar volumes de um prisma e de um cilindro — tarefa que tende a ser mais difícil para quem tem pouca familiaridade com formas tridimensionais.
Química: prova mais direta e menos contextualizada
Segundo Caio Zanvettor, professor do Colégio e Sistema pH, a parte de Química manteve o padrão tradicional, com cobranças de estequiometria, usinas nucleares e equilíbrio químico. Diferentemente de anos anteriores, muitas questões foram mais diretas e menos contextualizadas, exigindo domínio conceitual mais preciso.
Zanvettor destacou uma questão de nomenclatura orgânica aplicada de forma sistemática — algo pouco comum no exame. Ele também observou que o Enem 2025 não utilizou textos longos como base para múltiplas perguntas, padrão que se repetiu no primeiro e no segundo dia.
Física: temas clássicos e equilíbrio entre teoria e cálculo
A prova de Física seguiu o modelo tradicional do Enem, segundo professores como Daniel Ávila (Plataforma AZ) e Acauan Figueiredo (Curso Anglo). Eletricidade, ondulatória, força de atrito e mecânica foram novamente os eixos centrais.
Para os especialistas, o nível geral foi médio, sem surpresas ou cobranças acima do esperado. Houve questões interdisciplinares, como um item sobre icterícia que unia Física e Biologia, utilizando gráficos de frequência e comprimento de onda.
Situações do cotidiano apareceram em perguntas sobre disjuntores, réguas elétricas e uso simultâneo de aparelhos. Uma tirinha da Turma da Mônica também serviu de base para identificar fenômenos físicos.
Lincoln Ribeiro, do Elite Rede de Ensino, ressaltou que a prova manteve caráter objetivo, com poucos cálculos complexos e grande presença de gráficos. Entre os itens clássicos, destacou duas questões de circuitos elétricos e uma de cinemática vetorial.
Uma questão de Eletrodinâmica sobre tubo de imagem chamou atenção por repetir figura usada em vestibulares como o da FAMERP (SP). Houve ainda um item extenso sobre fototerapia em bebês com icterícia, ocupando toda a página.
Biologia: ecologia domina e nível é considerado mais fácil que 2024
A parte de Biologia seguiu o padrão tradicional, com textos curtos e abordagem direta, segundo Gabriella Leal, do Sistema pH. Ecologia foi o centro da disciplina, com questões sobre biomas (deserto, caatinga e cerrado), poluição e ciclos biogeoquímicos.
A prova não trouxe perguntas de fisiologia humana, mas incluiu itens mais conceituais — como identificação da glândula responsável por impermeabilizar penas de aves — e temas historicamente presentes no exame.
Entre as questões de saúde, apareceram:
• esquistossomose e o hospedeiro intermediário;
• intoxicação alimentar;
• produção de vacinas e imunização artificial ativa;
• carência de vitamina A e cegueira noturna.
Para Rafael Cafezeiro, da Plataforma AZ, a prova foi mais fácil do que a de 2024:
“Teve muita interpretação de texto, em que o aluno só lia o enunciado e marcava a resposta correta, sem exigir profundidade em biologia.”
Um segundo dia dentro das expectativas
Com forte presença de contextualização, gráficos e problemas do cotidiano, o segundo dia do Enem 2025 foi considerado equilibrado por especialistas. Matemática manteve o nível médio, Química foi mais direta, Física reforçou conteúdos clássicos, e Biologia se concentrou em ecologia e interpretação.
O conjunto, avaliam professores, não apresentou surpresas significativas, mantendo o padrão recente do exame e reforçando a tendência de conectar ciência, tecnologia e vida real.
*com informações G1











