Pantanal: reforço de brigadistas ajuda a conter avanço do fogo na Serra do Amolar

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(Foto: Divulgação/IHP)

Após duas semanas de incêndios na região da Serra do Amolar, em Corumbá, o fogo começa a dar sinais de enfraquecimento. Segundo o Instituto Homem Pantaneiro (IHP), cerca de 70% dos focos já foram controlados, resultado do esforço conjunto de brigadistas, militares e órgãos ambientais. Mesmo assim, o cenário ainda exige atenção, já que as chamas continuam ativas em pontos próximos à fronteira com a Bolívia.

O fogo, que começou no dia 28 de setembro, já destruiu aproximadamente 30 mil hectares de vegetação nativa — área equivalente a 25 mil campos de futebol. A região, de difícil acesso e com relevo elevado, chegou a registrar labaredas em morros de até 900 metros de altitude, o que dificultou as ações por terra.

Para reforçar o combate, 20 novos brigadistas foram enviados nesta sexta-feira (10). Dez se juntaram à equipe que atua na Reserva do Acurizal, enquanto os outros dez seguem para a faixa entre as baías Gaíva e Mandioré, onde há risco de o fogo atravessar para o lado boliviano. O governo da Bolívia autorizou a entrada das equipes brasileiras, já que o acesso ao foco principal só é possível a partir do território vizinho.

No total, 50 combatentes estão mobilizados: 30 integrantes do Prevfogo (Programa de Brigadas Federais de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais), 10 do IHP, seis voluntários da Comunidade do Amolar e quatro bombeiros da Barra do São Lourenço.

Além do trabalho em solo, o combate aéreo também foi ampliado. Duas aeronaves da Defesa Civil e um helicóptero do Ibama lançam até 2 mil litros de água por voo, auxiliando no resfriamento das áreas mais críticas e no transporte das equipes até locais de difícil acesso.

De acordo com Márcio Yule, coordenador do Prevfogo em Mato Grosso do Sul, as operações estão concentradas em três frentes: Acurizal, Gaíva e Comunidade do Amolar. “Estamos focando na frente mais crítica, na região da Gaíva. O combate segue de forma ininterrupta, inclusive durante a noite, sempre que as condições permitem”, explicou.

Yule destacou que, apesar do avanço, ainda não é possível estimar quando o fogo será totalmente extinto. “A situação está mais controlada, mas em incêndios florestais o trabalho só termina quando todas as fases — reconhecimento, ataque, controle, extinção e vigilância — são concluídas”, afirmou.

O incêndio ocorre em um período de seca prolongada, com 35 dias sem chuva significativa, altas temperaturas, ventos fortes e acúmulo de vegetação seca. Diante desse cenário, a Prefeitura de Corumbá decretou estado de emergência por 90 dias.

Mesmo com parte dos focos controlados, o fogo na Serra do Amolar continua sendo um dos maiores desafios ambientais de 2025 no Pantanal sul-mato-grossense, mobilizando equipes, recursos e atenção constante para proteger uma das regiões mais ricas em biodiversidade do país.