Pela 10ª vez desde 2018, Bolsonaro passa por novo procedimento médico

12
O ex-presidente Jair Bolsonaro (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Médicos vão repetir bloqueio anestésico do nervo frênico no lado esquerdo

O silêncio esperado de um pós-operatório foi quebrado por um sintoma insistente: o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltará ao centro cirúrgico nesta segunda-feira (29) para um novo procedimento médico, o décimo desde o atentado a faca sofrido em 2018. A intervenção tem como foco controlar uma crise intensa e contínua de soluços, considerada preocupante pela equipe médica.

Bolsonaro se recupera de uma cirurgia de hérnia inguinal bilateral realizada no dia de Natal, mas, segundo os médicos, o quadro de soluços não tem relação direta com o procedimento abdominal. Ainda assim, as contrações repetidas vêm causando cansaço, prejudicando o descanso e interferindo no processo de recuperação.

A técnica adotada é o bloqueio anestésico do nervo frênico, responsável por estimular o diafragma. No sábado (27), os médicos realizaram a primeira aplicação, no lado direito, com resposta inicial avaliada como positiva. Após 48 horas de observação, a equipe decidiu repetir o procedimento nesta segunda-feira, agora no lado esquerdo.

De acordo com os profissionais que acompanham o ex-presidente, o bloqueio não é considerado uma cirurgia convencional e, até o momento, não altera a previsão inicial de alta hospitalar. A liberação seguirá condicionada à recuperação funcional, incluindo capacidade de se alimentar, realizar a higiene pessoal e se locomover sem auxílio.

Histórico clínico complexo

As crises de soluço vêm sendo relatadas pela família desde o início do mês. Em publicações nas redes sociais, o vereador Carlos Bolsonaro descreveu episódios frequentes, com dezenas de contrações por hora, resistentes a tratamentos iniciais.

Laudos médicos enviados ao STF (Supremo Tribunal Federal) apontam um histórico de saúde complexo. Entre os diagnósticos estão refluxo gastroesofágico com esofagite, hipertensão arterial, doença aterosclerótica do coração, estreitamento das carótidas, apneia do sono, anemia por deficiência de ferro e um diagnóstico anterior de carcinoma de células escamosas, um tipo de câncer de pele.

Os documentos também citam múltiplas hérnias tratadas ao longo dos últimos anos. Os soluços incoercíveis aparecem associados a refluxos intensos e episódios de vômito, exigindo uso de medicamentos com ação no sistema nervoso central.

Recuperação da cirurgia de hérnia

Bolsonaro permanece internado desde a cirurgia realizada no dia 25, que corrigiu uma hérnia inguinal bilateral causada por fragilidade dos tecidos abdominais. Segundo a equipe médica, o procedimento ocorreu dentro do esperado, sem intercorrências.

O pós-operatório inclui sessões de fisioterapia e uso de medicamentos para prevenção de trombose. A expectativa inicial é de internação de até sete dias, prazo que pode se estender até a virada do ano, a depender da evolução clínica.

Após a alta, os médicos planejam manter acompanhamento rigoroso do estado de saúde do ex-presidente. O monitoramento deverá ocorrer na unidade da Polícia Federal onde Bolsonaro está custodiado desde 22 de novembro, conforme determinações judiciais.