Em uma cerimônia marcada pela discrição e pelo luto, familiares e amigos se despediram neste sábado (27) do piloto Marcelo Pereira Barros, conhecido como Marcelo Pantaneiro. O corpo foi velado na capela da Pax Universal e sepultado no cemitério Parque Cidade Natureza, no bairro Jardim Arara Azul, em Aquidauana.
Marcelo pilotava o monomotor Cessna 175, prefixo PT-BAN, que caiu e explodiu na última terça-feira (23) durante uma tentativa de pouso na Fazenda Barra Mansa, localizada no Pantanal de Aquidauana. Além dele, morreram o arquiteto chinês Kongjian Yu, de 62 anos, e os cineastas Luiz Fernando Feres da Cunha Ferraz, de 42, e Rubens Crispim Júnior, de 51.
O corpo do piloto foi o primeiro a ser liberado para sepultamento. A identificação só foi possível após exame de DNA, que comparou o material genético com o do filho de Marcelo. Na sexta-feira (26), o corpo do cineasta Rubens Crispim Júnior também foi identificado pelas digitais e liberado pelo Instituto de Medicina e Odontologia Legal (IMOL), em Campo Grande.
As causas do acidente ainda são investigadas. Testemunhas relataram que o piloto tentou realizar uma arremetida — manobra usada para abortar o pouso —, mas a aeronave perdeu altitude e se chocou contra o solo, provocando a explosão.
Segundo a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) de Mato Grosso do Sul, peritos permanecem de plantão neste fim de semana para identificar as duas vítimas restantes, o arquiteto Kongjian Yu e o cineasta Luiz Fernando Ferraz. A Embaixada da China no Brasil autorizou a realização de exames necroscópicos e de DNA no corpo do arquiteto, respeitando tradições culturais que exigem a presença da família ou permissão da embaixada.
A Fazenda Barra Mansa, onde ocorreu o acidente, é considerada um dos principais cenários turísticos do Pantanal e foi fundada em 1940 pela família Rondon. Funcionários da fazenda relataram que utilizaram um trator e um caminhão-pipa para tentar combater as chamas e chegar à aeronave após a queda. A operação de resgate durou cerca de nove horas, enfrentando acesso difícil e condições adversas no terreno.
O avião envolvido no acidente era um Cessna 175 fabricado em 1958 e autorizado a voar apenas sob regras visuais e durante o dia. Testemunhas informaram que a aeronave realizou diversos pousos e decolagens ao longo do dia, sendo que a pista da Fazenda Barra Mansa só podia ser utilizada até as 17h39, enquanto a queda ocorreu após as 18h.
Amigos das vítimas informaram que o arquiteto e os cineastas estavam na região para a gravação de um documentário sobre as “cidades-esponja”, conceito desenvolvido por Kongjian Yu. A Olé Produções, responsável pelo projeto, confirmou que o voo era remunerado.
A Polícia Civil investiga possíveis irregularidades, como operação fora do horário permitido e transporte remunerado de passageiros sem autorização.