De um momento difícil nasceu uma história de superação, conquistas e gotas apimentadas. Tudo começou com a luta de Osmar Müller pela vida da filha e acabou levando o sabor de Guia Lopes da Laguna até o Peru. Com apoio do Senar/MS, o bombeiro militar transformou o amor pelas pimentas em negócio, criou a “Pimenta da Serra” e, por meio do programa agroBR, chegou à Expoalimentaria, a maior feira de alimentos e tecnologia agroalimentar da América Latina. Hoje, seu molho artesanal, que já encantava amigos e vizinhos, desperta o paladar de importadores de vários países.
Osmar Muller, criador da pimenta, voltou do Peru com a mala cheia de contatos e o coração cheio de sonhos. “Dois chilenos provaram, acharam o aroma incrível, experimentaram de pouquinho e acabaram virando a garrafinha de amostra. Também conheci importadores dos Estados Unidos, da República Dominicana e do próprio Peru. Foi uma semente plantada que vai dar frutos”, conta, empolgado.
Essa é a história do Transformando Vidas de hoje:
A Pimenta da Serra foi uma das empresas sul-mato-grossenses selecionadas para representar o Brasil no evento, que reúne produtores e empresários do mundo todo. A oportunidade de participar da feira internacional veio com o programa agroBR, da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que fornece aos participantes a formação de preço de exportação, fichas técnicas dos produtos, material em cinco idiomas, logística internacional e treinamento para negociação com compradores estrangeiros.
Mas antes da fama e das exportações, a história passou por um capítulo delicado. A filha de Osmar, Luciane, foi diagnosticada com diabetes ainda na infância e, anos depois, teve complicações renais que a levaram à fila de transplante. Após anos de espera e incerteza, pai e filha receberam a notícia que mudou tudo: os órgãos haviam chegado. O transplante foi realizado em 12 de agosto de 2019, e nesse período, entre idas e vindas ao hospital, que a chama da Pimenta da Serra começou a acender. Em uma lanchonete próxima ao hospital, Osmar provou um molho que o marcou. De volta a Mato Grosso do Sul, recriou a receita, deu seu toque especial e serviu aos amigos, que logo começaram a pedir mais.

A paixão ganhou força e identidade quando o Senar/MS entrou na história. Por meio da Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) Agroindústria, Osmar recebeu orientação para formalizar a empresa, melhorar a gestão e boas práticas de fabricação, além da profissionalização do produto e encaminhamento para o agroBR. “O Senar/MS nos deixou em outro patamar, só crescemos e estamos muito mais profissionais. Desde a documentação, metodologia correta, na troca de rótulos e embalagens e até nas finanças. Tudo ficou mais organizado e vendável”, explica. O produtor também participou de cursos que ampliaram seu portfólio, incluindo geleias, tomates confitados e caponatas.
A relação de Osmar com as pimentas vem de longa data. Desde adolescente, cultivava as plantas no quintal e preparava conservas com cachaça e vinagre para os amigos. “Era minha paixão. Eu colhia, preparava e oferecia. Todo mundo gostava e pedia mais”, lembra. O que era passatempo virou propósito e, com o apoio certo, se tornou negócio.
Agora, o plano é continuar expandindo os horizontes. Osmar sonha em ver a Pimenta da Serra em prateleiras de outros países, mas sem perder o tempero da simplicidade. “Quero que o produto continue acessível a todos, que qualquer pessoa possa sentir o mesmo sabor que a gente sente aqui”, diz.
A trajetória da Pimenta da Serra é a prova de que desafios podem gerar novos caminhos. De uma luta pela vida nasceu um empreendimento que cruza fronteiras e representa o sabor autêntico de Mato Grosso do Sul. O molho que começou no quintal de casa hoje carrega o selo do Senar/MS e o orgulho de quem aprendeu que, quando a fé é grande e o tempero é bom, o sucesso é questão de tempo.











