O Banco Central anunciou avanços importantes na evolução do PIX, mesmo com a investigação aberta pelo governo dos Estados Unidos sobre o sistema brasileiro de pagamentos eletrônicos, conforme informações do Portal G1. Entre as novidades, destaca-se o lançamento do “PIX em Garantia”, previsto para 2026, que promete facilitar o acesso ao crédito para trabalhadores autônomos e microempreendedores.
Segundo o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, o “PIX em Garantia” funcionará como uma modalidade de crédito consignado, porém adaptada para a realidade dos autônomos, que não possuem carteira assinada. “O PIX em garantia se assemelha a um crédito consignado, mas para trabalhadores que não têm renda formal, como os empreendedores e autônomos”, explicou Galípolo.
Na prática, essa inovação permitirá que os trabalhadores e pequenos empresários utilizem seus recebíveis futuros via PIX — ou seja, transferências que irão receber — como garantia para empréstimos bancários. Os bancos poderão retirar os valores diretamente das contas dos tomadores de crédito no dia combinado, o que deve resultar em juros menores, similar ao que ocorre hoje com o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para trabalhadores formais.
“Através da chave PIX, o banco pode avaliar o fluxo de receita mensal e usar esse fluxo como colateral para empréstimos”, completou o presidente do Banco Central.
Além do “PIX em Garantia”, o Banco Central segue avançando com outras funcionalidades dentro da chamada “agenda evolutiva” do PIX, incluindo:
- PIX Agendado Recorrente: para pagamentos mensais automáticos, ideal para aluguel e outras despesas fixas;
- PIX por Aproximação: que permite pagamentos aproximando o celular da máquina do lojista, semelhante ao pagamento por cartão;
- PIX Automático: lançado recentemente, que facilita o pagamento de contas recorrentes como água, luz e mensalidades;
- PIX Parcelado: previsto para setembro, que permitirá o parcelamento de compras para os 60 milhões de brasileiros sem cartão de crédito;
- PIX Internacional: em desenvolvimento para ampliar pagamentos transfronteiriços de forma definitiva, com testes já em países como Argentina, Estados Unidos e Portugal.
Investigações e pressões internacionais
O sistema PIX está sob investigação do Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR), que aponta possíveis práticas desleais do governo brasileiro em relação a serviços de pagamento eletrônico. Embora o PIX não seja mencionado nominalmente, é o único sistema estatal desse tipo no Brasil.
Especialistas afirmam que a investigação está ligada à concorrência com grandes empresas tecnológicas e bandeiras de cartões de crédito americanas, mas não indicam motivos sólidos para restringir o PIX.
Em resposta, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o Brasil não pode “nem sonhar” em privatizar o PIX, reforçando que ceder às pressões internacionais seria abrir mão de uma tecnologia brasileira considerada estratégica para o país.