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domingo, 14 de setembro, 2025
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Planalto adota silêncio estratégico após condenação de Bolsonaro pelo STF

O Planalto optou por uma estratégia de silêncio nas últimas duas semanas para se desvincular do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado na quinta-feira (11) pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 27 anos e três meses de prisão. A postura foi adotada após o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tentar associar o governo de Lula a uma suposta perseguição política contra Bolsonaro.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou, em diversas ocasiões, a separação dos Três Poderes no Brasil, afirmando que o Executivo não tinha ingerência sobre o julgamento na Suprema Corte. Além do presidente, ministros e integrantes do primeiro escalão passaram a evitar comentários sobre o processo.

As únicas manifestações críticas diretas a Bolsonaro vieram da ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, e do ministro da Casa Civil, Rui Costa. Gleisi, conhecida por sua postura combativa e por liderar a articulação política do governo, justificou suas declarações como parte de seu papel institucional. Já Rui Costa alertou que uma eventual anistia aos envolvidos na tentativa de golpe poderia incentivar a criminalidade, mantendo a linha do governo contra medidas de perdão amplo.

Outros ministros, por sua vez, evitaram posicionamentos diretos e só comentaram quando questionados. Segundo interlocutores, a própria postura do STF buscou evitar qualquer vinculação com o Executivo, evitando impactos em negociações diplomáticas, como aquelas relacionadas às tarifas impostas pelos Estados Unidos. No 7 de Setembro, por exemplo, nenhum integrante da Corte compareceu ao desfile com Lula, reforçando a estratégia de desvinculação dos poderes e de neutralidade política no julgamento.

Nos bastidores, o governo se mobiliza para barrar a votação de um projeto de anistia no Congresso Nacional. Gleisi Hoffmann se reuniu com ministros para discutir pautas prioritárias, incluindo o tema da anistia, que a oposição pretende pautar nas próximas semanas. O objetivo do Executivo é reduzir a pressão sobre o presidente da Câmara, Hugo Motta, e defender alternativas no Senado, onde o presidente da Casa, Davi Alcolumbre, sugeriu um texto que module penas sem conceder anistia ampla.

Após a condenação, o Itamaraty respondeu às críticas internacionais. O Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, publicou em sua rede social X (antigo Twitter) críticas à Suprema Corte brasileira. Em resposta, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil reforçou a independência do Judiciário, defendendo a soberania nacional e afirmando que ameaças externas não intimidarão a democracia brasileira.

A estratégia de silêncio e neutralidade do Planalto reflete a intenção do governo de manter a separação dos poderes, evitar desgaste político e controlar possíveis repercussões internas e externas da condenação de Bolsonaro e de seus aliados.

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