Um jovem de 21 anos pode ser a primeira vítima de intoxicação por metanol em Campo Grande. O caso está sendo apurado pela Polícia Civil, inclusive, nessa sexta-feira (03) houve a apreensão de bebidas suspeitas de adulteração em estabelecimentos do bairro Jardim Colibri, onde o rapaz teria comprado antes de passar mal.
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A vítima consumiu uma garrafa de whisky no sábado (27) e cachaça no domingo (28), na quinta-feira (2) passou mal, com dores no estômago, náuseas e vômito. O rapaz chegou a desmaiar e foi levado pelo SAMU até a UPA do bairro Universitário, onde houve uma piora no quadro clínico, com crise convulsiva e parada cardiorrespiratória.
As equipes médicas realizaram manobras de reanimação e intubação, mas ele não resistiu e faleceu na noite daquele dia, após uma nova parada cardíaca. O jovem tinha histórico de etilismo, iniciado há cerca de nove anos. Para a família, ele foi intoxicado pelo metanol, composto químico misturado ilegalmente na fabricação de bebidas alcoólicas.
A apuração
Como parte da investigação, a Decon (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra as Relações de Consumo) e a Garras (Delegacia de Repressão a Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros), além da Vigilância Sanitária e do Procon/MS, deflagraram uma operação em um mercado e uma conveniência próxima a casa da vítima.
O indicativo é de que ele comprou as bebidas que consumiu nestes locais no último final de semana. No mercado, os policiais recolheram duas caixas de cachaça da mesma marca consumida pela vítima. Foi encontrada uma garrafa cheia de vodka em volume incomum, o que pode indicar adulteração.
Já na conveniência, foram recolhidas três caixas de cachaça do mesmo lote das que foram apreendidas no mercado. Ninguém foi preso na ação. Sobre a intoxicação do jovem, a investigação aguarda pelo laudo necroscópico da perícia, mas não descarta que ele tenha sido vítima de um consumo excessivo.
Em nota, a Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública) disse que o prazo estimado para conclusão dos exames complementares é de aproximadamente 30 dias. A Secretaria de Estado de Saúde disse que atua em conjunto com os órgãos de segurança e vigilância sanitária na apuração do caso.
Aumento de casos no Brasil
Até o momento, o Centro Nacional de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS Nacional) recebeu 59 notificações de intoxicação por metanol no país, sendo 12 confirmados. Desse total, 39 casos em São Paulo (10 confirmados e 29 em investigação) e 4 em investigação em Pernambuco e um em Brasília. Foi registrado um óbito em São Paulo, enquanto outros sete seguem em investigação (cinco em SP e dois em PE).
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, destaca que o reforço tem o objetivo de chamar a atenção dos profissionais de saúde. “É muito importante aumentar o número de notificações de casos suspeitos. Nós já temos um guia para orientar os profissionais: como tratar e como diagnosticar. Além disso, também temos no Brasil o antídoto recomendado, o etanol farmacêutico”, explica.