Depois de emocionar plateias em Salvador e Campo Grande no início de 2025, o espetáculo “Ponto de Partida”, do Circo do Mato – Grupo de Artes Cênicas, retorna ao palco da capital sul-mato-grossense nesta semana. As sessões acontecem na sexta-feira (1º) e no domingo (3), às 19h, na sede do grupo, localizada na Rua Tonico de Carvalho, 263, bairro Amambaí. A entrada é gratuita, com classificação indicativa para maiores de 12 anos, e os ingressos podem ser reservados pelo Sympla.
O espetáculo marca o primeiro solo do Circo do Mato, grupo que há mais de duas décadas atua na cena cultural de Mato Grosso do Sul. Após estrear em Campo Grande em janeiro e seguir para apresentações em Salvador, em espaços tradicionais como Sesc Rio Vermelho, SESC Pelourinho e Casa Preta Espaço de Cultura, o espetáculo volta para emocionar o público local com sua montagem sensível e poética.
Com duração aproximada de 60 minutos, “Ponto de Partida” é dirigido pelo baiano João Lima, com texto de Breno Moroni e interpretação do ator Mauro Guimarães. A trama acompanha a história de um palhaço idoso, descendente de uma linhagem tradicional circense, que aguarda por uma última apresentação — que talvez nunca aconteça. A obra convida o espectador a refletir sobre temas como o tempo, a memória, os afetos e o sentido de “chegar a algum lugar”.
“É a história de um fim que também pode ser começo. Esse palhaço representa todos nós que, em algum momento, esperamos algo ou alguém que talvez nunca venha. É sobre o tempo, o que nos move e o que fica”, explica o diretor João Lima.
Para Mauro Guimarães, que realiza sua primeira atuação solo dando vida ao personagem, o espetáculo representa um marco na trajetória do grupo. “Já fizemos espetáculos com muitos atores e atrizes, mas esse solo é especial. Ele exige do intérprete, e também do público, uma escuta mais atenta, mais íntima. É também a primeira vez que meu palhaço fala em cena, e isso muda tudo.”
A dramaturgia de Breno Moroni, palhaço e ator com mais de 40 anos de carreira, presta homenagem aos palhaços tradicionais brasileiros, como Carequinha e Picolino, estabelecendo uma ponte entre gerações, estilos e regiões.
“Esse trabalho fala muito sobre o ‘eu’ artista que envelhece, que acumula histórias no corpo, no silêncio e no olhar. Isso não é sobre decadência, é sobre potência. A maturidade traz camadas que só o tempo oferece — e o tempo é generoso com quem aceita dançar com ele”, destaca Moroni, ressaltando também o contexto social atual.
“Vivemos uma mudança demográfica profunda. A sociedade brasileira está envelhecendo, e isso exige novos olhares, mais sensíveis e empáticos. ‘Ponto de Partida’ é uma tentativa de dar voz a esse humano que continua sonhando, sentindo e se movendo, mesmo quando tudo parece dizer o contrário”, complementa o dramaturgo.
Além da temática tocante, a produção inclui intérprete de Libras, reforçando o compromisso do Circo do Mato com a acessibilidade e inclusão cultural. “A arte precisa chegar a todos. Esse espetáculo também fala sobre invisibilidades. Ter Libras em cena é um passo importante para romper barreiras”, afirma a produtora Laila Pulchério.
