A executiva nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) definiu nesta semana que as eleições internas da legenda, marcadas para 6 de julho, serão realizadas por meio de cédulas de papel. A decisão foi tomada após o partido não conseguir o empréstimo das urnas eletrônicas junto à Justiça Eleitoral.
Em Mato Grosso do Sul, a disputa pela presidência estadual da sigla opõe o deputado federal Vander Loubet e o ex-prefeito de Mundo Novo, Humberto Amaducci. Já na capital, Campo Grande, o embate interno ocorre entre o deputado estadual Pedro Kemp e a militante Elaine Becker, que disputam o comando municipal do partido.
Segundo o PT, o uso das urnas eletrônicas era prioridade por oferecer maior segurança e agilidade na apuração dos votos. No entanto, após consulta ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), foi informado que a decisão caberia aos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs). Sem consenso, a sigla optou pelo formato tradicional em papel.
PT em debate: alianças e rumos para 2026
O ambiente interno do PT sul-mato-grossense se aqueceu neste sábado (24) durante um encontro entre lideranças e candidatos em um hotel de Campo Grande, que antecede o processo eleitoral marcado para daqui a duas semanas.
Humberto Amaducci, atual vice-presidente estadual da legenda, defende uma guinada mais à esquerda, propondo que o partido rompa com o governo estadual de Eduardo Riedel (PSDB) e se retire da base na Assembleia Legislativa. “Nosso projeto é fazer o PT liderar novamente um bloco de centro-esquerda no estado, fortalecendo o partido para garantir o palanque de Lula em 2026 e para que possamos voltar a governar Mato Grosso do Sul”, destacou.
Por outro lado, Vander Loubet adota um discurso de unidade. Deputado federal em seu sexto mandato, Loubet ressalta seu papel histórico na fundação do partido em MS e aposta na construção de consensos entre as correntes internas. “Nosso desafio maior está em 2026, na reeleição do presidente Lula e no fortalecimento do PT no Congresso e, quem sabe, conquistar uma cadeira no Senado”, afirmou.
Desistência e fortalecimento feminino
A deputada estadual Gleice Jane, que inicialmente seria candidata à presidência estadual do PT, anunciou sua desistência em abril. Segundo nota oficial, a decisão foi motivada por questões pessoais e de saúde, além da sobrecarga de trabalho no mandato parlamentar.
A saída de Gleice da disputa foi citada por Loubet como uma oportunidade para o partido concentrar esforços na reeleição dela e também da deputada federal Camila Jara. “Construir lideranças femininas na política é um trabalho árduo, que exige compromisso e continuidade”, reforçou.
Tradição de disputas internas
As disputas internas no PT fazem parte da história da legenda. Desde episódios emblemáticos, como a prévia entre Lula e Eduardo Suplicy em 2002, até embates mais recentes, como a disputa entre Camila Jara e Zeca do PT pela candidatura à prefeitura de Campo Grande em 2023.
Em Mato Grosso do Sul, a disputa atual também reflete diferenças ideológicas: enquanto Vander representa um setor mais moderado, próximo ao centro, Amaducci lidera a ala mais à esquerda do partido.
Cenário nacional também movimentado
No plano nacional, as eleições internas do PT também estão em clima de disputa acirrada. O prefeito de Araraquara (SP), Edinho Silva, é apontado como favorito, com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Também estão na corrida o atual secretário de Relações Internacionais do partido, Romênio Pereira; o historiador Valter Pomar, da tendência Articulação de Esquerda; além de Rui Falcão e Washington Quaquá.
Enquanto os desafios internos seguem intensos, tanto em nível estadual quanto nacional, a sigla se prepara para alinhar suas estratégias de olho nas eleições municipais de 2024 e, principalmente, na sucessão presidencial de 2026.
*com informações Correio do Estado