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sexta-feira, 5 de setembro, 2025
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Por que aliados de ex-presidente Bolsonaro defendem anistia ampla no Congresso

Em meio ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado, aliados do ex-mandatário intensificam articulações no Congresso para aprovar uma proposta de anistia ampla. A medida beneficiaria não apenas Bolsonaro, caso seja condenado, mas também outros réus e investigados no inquérito das fake news.

Um texto já protocolado na Câmara menciona somente os condenados pelos atos extremistas de 8 de Janeiro, mas versões mais abrangentes circulam entre parlamentares da oposição. A articulação ganhou fôlego com a atuação do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que esteve em Brasília para discutir a votação diretamente com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).

As negociações contam com apoio de partidos do centro, como Republicanos, União Brasil e PP, que nos últimos dias se distanciaram do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e reforçaram alinhamento com a oposição de olho nas eleições de 2026.

Apoio no plenário

Segundo o líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), o grupo tem mais de 300 votos favoráveis à proposta e pretende votá-la logo após o fim do julgamento de Bolsonaro no STF. Ele defende, ainda, que o texto restabeleça a elegibilidade do ex-presidente.
“Estamos confiantes de que a anistia será votada. O presidente Hugo Motta sinalizou isso claramente em reunião de líderes. Entendemos que é apenas uma questão de cronograma”, disse.

Resistência no Senado

O caminho, no entanto, tende a ser mais difícil no Senado. O presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP), já se manifestou contra a anistia a Bolsonaro e aliados, defendendo apenas a revisão das penas aplicadas aos presos do 8 de Janeiro.

Já o líder da oposição, senador Rogério Marinho (PL-RN), acusou o STF de “intervenção explícita” no Congresso e afirmou que a prerrogativa de conceder anistia é exclusiva do Parlamento.

Eduardo Bolsonaro e Tarcísio

Apesar das divergências políticas, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou que a anistia une seu grupo ao governador paulista. Morando nos Estados Unidos desde fevereiro, ele já admitiu disputar a Presidência em 2026, o que o colocaria em rota de colisão com Tarcísio, apontado como favorito do centro.
“O momento não é de discutir eleição. Quem estiver no barco da anistia está junto”, declarou.

Eduardo também associou a proposta a uma futura aproximação do Brasil com os Estados Unidos sob um eventual governo Trump. Segundo ele, a aprovação da anistia fortaleceria a posição do país em negociações comerciais.

Prazo indefinido

Apesar da pressão para votação ainda em 2025, líderes admitem que a discussão pode se arrastar até 2026. Caso o texto seja aprovado nas duas Casas, há expectativa de veto presidencial por parte do Palácio do Planalto, o que obrigaria o Congresso a analisar novamente a proposta.

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