O primeiro passo para o reajuste da tarifa do transporte público de Campo Grande foi dado nessa quinta-feira (19). Após a paralisação que aconteceu ontem (18) e deixou a Capital sem ônibus por 24 horas, os membros do Conselho de Regulação dos Serviços Públicos adiantaram a assembleia então agendada para o dia 24 deste mês e aprovaram, em regime de urgência, o aumento de 12,62% do valor da chamada tarifa técnica do transporte, que agora passou a ser de R$ 5,80.
“Indicamos a tarifa remuneratória de R$ 5,80, o próximo passo é enviar a decisão para a prefeitura de Campo Grande, que vai passar para a população a tarifa pública para a sociedade”, explicou o diretor-presidente da Agereg, Odilon de Oliveira Junior, ao término da assembleia, que reuniu membros de órgãos públicos, do Consórcio Guaicurus e entidades representantivas e órgãos de defesa do consumidor.
Entretanto, a Prefeitura de Campo Grande anunciou que esse valor não será repassado ao consumidor final e que a expectativa é de que o novo valor do passe de ônibus fique entre R$ 4,65 a R$ 4,80, o que resultaria em um aumento de no máximo de R$ 0,40 ante ao atual preço praticado, de R$ 4,40. O novo valor da tarifa técnica será publicada no Diário Oficial do Município (Diogrande) no máximo até a sexta-feira (20), mas ainda não há previsão de quando será definido o novo valor final do passe.
Ao todo, 13 integrantes do Conselho de Regulação participaram da reunião e o placar pela aprovação do novo valor da tarifa técnica tve apenas um voto contrário, que foi dado pelo representante do próprio Consórcio Guaicurus, Robson Strengari. Segundo ele, o valor esperado era de pelo menos R$ 7,70. “Não temos condições de manter o serviço com esse valor. Não conseguiremos pagar o reajuste dos trabalhadores e nem mesmo fazer a renovação da frota, que já está com oito anos”, justificou ele.
O impasse
Em reunião durante a tarde da quarta (18), representantes da Prefeitura de Campo Grande, Consórcio Guaicurus e do STTCU-CG (Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo Urbano de Campo Grande) se comprometeram a buscar alternativas para resolver o impasse e encerrar a greve dos motoristas de ônibus. No acordo, a circulação dos veículos voltam ao normal já na quinta-feira, porém, foi estipulado o prazo de até este sábado (21) para que as empresas de viação definam o aumento salarial da categoria.
O desembargador do Tribunal Regional do Trabalho da 24ª Região (TRT/MS), Tomás Bawden, que mediou o encontro propôs um reajuste de 8% retroativo a data-base de novembro mais 2% divididos no mês de maio e setembro. Ao todo, o salário dos motoristas teria um acréscimo de 10%, o que é bem diferente do que pedem, sendo 16% mais a manutenção dos benefícios sociais, como vale-refeição e participação nos lucros.
Já a Prefeitura de Campo Grande citou que vai aumentar o valor da chamada tarifa-técnica, passando dos atuais R$ 5,15 para R$ 5,80, essa tarifa leva em consideração dos custos do serviço, já descontando os benefícios fiscais concedidos ao Consórcio. Para a prefeita Adriane Lopes, desta forma, o preço final que será praticado aos usuários deverá ficar entre R$ 4,65 a R$ 4,80. O valor atual da tarifa está em R$ 4,40.
Ainda na reunião, o advogado que representou o Consórcio, Felipe Barbosa, disse que o valor técnico de R$ 5,80 é muito baixo e não cobre o real custo da operação do serviço. Ele defendeu o valor técnico de R$ 7,79. Ainda segundo a fala dele aos jornalistas, o deficit anual para o custeio do transporte urbano de Campo Grande está em torno de R$ 4 milhões e que, diante do cenário, as empresas de viação cogitam deixar de prestar o serviço.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo Urbano de Campo Grande, Demétrio Ferreira de Freitas, ressaltou que já há um edital preparado para ser publicado na próxima semana onde prevê a greve por tempo indeterminado da categoria, caso o acordo com o Consórcio não aconteça dentro do prazo previsto.
“Esperamos que hoje o consórcio avalie melhor e nos chame para voltar a discutir. Caso isso não aconteça, hoje estamos soltando um edital de greve por tempo indeterminado. Vamos fazer uma assembleia, tudo certinho. Se não houver nenhum êxito em negociação mesmo, ai vamos fazer paralisação de 2, 3, 4 dias. Mas amanhã vai estar normal”, disse ele.