A traficante de 32 anos presa na última quinta-feira (15) por manter um casal como refém dentro de uma casa no bairro Vila Palmira, em Campo Grande, vai responder pelo crime em prisão domiciliar e com monitoramento da tornozeleira eletrônica.
A decisão foi tomada no sábado (17), em audiênia de custodia. Ao seu favor, pesou o fato dela ser mãe de um recém-nascido de seis meses, sendo este totalmente dependente dos seus cuidados. Ela tem ainda duas crianças menores de idade.
Ainda segundo as informações, a mulher é a dona de um suposto hotel situado na próximidades da antiga rodoviária e vai responder pelos crimes de tráfico de drogas, sequestro e cárcere privado.
O caso
A Denar (Delegacia Especializada de Repressão ao Narcotráfico) recebeu uma denúncia anônima de que um casal estava sendo mantido como refém dentro de uma casa situada na Rua Cáceres.
Para averiguar os fatos, um monitoramento passou a ser feito pela equipe. Em determinado momento, um homem de 35 anos foi flagrado chegando ao local e, ao ver a presença da polícia, correu para os fundos.
Apesar da tentativa de fuga, ele acabou alcançado e preso. A esposa dele, de 32 anos, estava dentro da casa e também foi presa em flagrnte.
Durante a vistoria do imóvel, em uma edícula, havia mais as duas pessoas, sendo dois homens de 49 e 23 anos. Chamou a atenção da polícia o fato deles estarem em situação subumana, com comida no chão e local sujo.
Abordados pelos policiais, o mais velho deles disse que era usuário de drogas e que alugava a edícula para consumir e que o outro rapaz era o seu namorado.
Entretanto, disseram que há pelo menos 30 dias estavam sendo mantidos prisioneiros pelos donos da casa, sendo ainda que sempre que tentavam fugir eram dopados com entorpecentes.
O movtivo para o cárcere privado é que o médico fazia transferências em dinheiro para a mulher. Foram cerca de R$ 20 mil. Na casa, quatro crianças foram encontradas e seriam todas filhos do homem de 35 anos. Um familiar esteve na casa e levou todos embora com ele.
O casal foi preso e levado para a Denar acompanhado por um advogado. Dos dois, o homem já tem passagens por tráfico e a mulher investigada por ser responsável por um hotel usado por usuários de drogas.
Na casa, foram apreendidas cinco porções de pasta base de cocaína (66,70 g), duas porções de maconha (37,10 g), balança, telefones, uma motocicleta e máquina de cartão.
As vítimas negaram ajuda médica e optaram por voltar para casa. Os dois são residentes na cidade de Ponta Porã.
Médico até tentou, mas não conseguiu sair das drogas
Ainda de acordo com as informações da Denar, em depoimento, o médico explicou que veio para Campo Grande fazer tratamento contra a dependência química, sendo que ficou por três meses numa clínica e depois retornou para pegar suas coisas na fronteira.
Depois disso, o profissional se mudou para o Estado do Mato Grosso até que retornou para Campo Grande para dar continuidade ao tratamento contra o vício das drogas.
Nesse meio tempo, se hospedeu no hotel que é administrado pela traficante presa e ela fez uma proposta de alugar um quarto em sua casa por um valor mais em conta do que no hotel, ao custo de R$ 1,5 mil e que incluía também a alimentação e roupa lavada.
Para a investigação, o médico relatou que a traficante exigia dele transferências muito mais altas do que o combinado, já que também passou a consumir droga e abandonou o tratamento.
A vítima disse que pagava R$ 100 a grama da pasta base de cocaína, com isso, acumulou uma dívida muito alta com a traficante, na ordem de R$ 50 mil, mas ela alegava que eram R$ 90 mil, por isso ficou como refém na casa até terminar de pagar a dívida.



















