
Ao longo de 2025, quatro municípios da Costa Leste de Mato Grosso do Sul viveram um movimento integrado de capacitação, empreendedorismo e transformação social. Trata-se do projeto “Geração de Renda no Vale da Celulose”, desenvolvido pelo Sebrae/MS, em parceria com a Suzano. A iniciativa teve como propósito ampliar a autonomia financeira de pessoas em situação de vulnerabilidade, fortalecer pequenos negócios e estimular novas oportunidades de geração de renda.
Realizado em Brasilândia, Cassilândia, Ribas do Rio Pardo e Três Lagoas, o projeto mobilizou analistas, consultores, parceiros e comunidades locais ao longo de meses de trabalho. As ações incluíram capacitação técnica, estímulo ao empreendedorismo, apoio à formalização, oficinas práticas e participação em eventos de comercialização – etapas estruturadas para garantir que o aprendizado se convertesse em renda e fortalecimento econômico.
A iniciativa parte de uma estratégia mais ampla do Sebrae/MS para promover inclusão produtiva para grupos sub-representados: o programa Sebrae Plural, executado em parceria com o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Cidadania (SEC). Em um território que abriga um dos maiores polos de celulose do mundo, o projeto reforça o papel da Costa Leste como eixo fundamental para o crescimento sustentável de Mato Grosso do Sul.
Em Brasilândia, o projeto teve quatro meses de duração e atendeu 20 mulheres empreendedoras
Brasilândia: formação e inclusão produtiva
Em Brasilândia, o projeto teve quatro meses de duração e atendeu 20 mulheres empreendedoras. O percurso formativo envolveu entrevistas, seleção das participantes, acompanhamento para formalização como MEI, um curso completo de capacitação empreendedora, oficinas de gastronomia e uma ação prática final: a participação no “Brasa Fest”, uma tradicional feira agropecuária do município. Lá, as empreendedoras puderam testar produtos, praticar vendas, estabelecer contatos e aplicar, na vida real, tudo o que aprenderam em sala.
Para o analista-técnico do Sebrae/MS, Milson André Caetano Grilo, o impacto foi nítido em diferentes dimensões. “Percebemos uma melhoria significativa no empoderamento feminino, na autoestima das participantes e na qualificação da oferta de serviços, especialmente na área gastronômica. As mulheres de Brasilândia abraçaram o projeto e mostraram evolução em comportamento empreendedor, técnica, apresentação e confiança”, resumiu.
A empreendedora Marina Aparecida da Silva, criadora da marca MS Bolos Caseiros, celebrou o avanço na forma de produzir e vender. “Eu já fazia bolos caseiros para vender de porta em porta, mas aprendi a divulgar, fazer marketing, precificar e vender do jeito certo. Agora quero expandir os produtos e faturar mais em 2026”, afirmou.
Em Cassilândia, a prática final ocorreu na tradicional feira do município, nos dias 7, 8 e 9 de novembro, onde os participantes expuseram produtos.
Cassilândia: qualificação, empoderamento e um projeto que cruzou fronteiras
Em Cassilândia, o programa também teve quatro meses de duração e atendeu 26 pessoas, sendo 25 mulheres e 1 homem. A jornada envolveu rodas de conversas empreendedoras, acompanhamento para formalização, reuniões temáticas sobre saúde mental, precificação, marketing digital e elaboração de um plano de negócios, além de mentorias individuais voltadas ao crescimento das iniciativas locais.
A prática final ocorreu na tradicional Feira de Cassilândia, realizada nos dias 7, 8 e 9 de novembro, quando os participantes expuseram seus produtos – uma vivência essencial para compreender o mercado, o público e o posicionamento do negócio.
O analista-técnico do Sebrae/MS, Auro Fávaro Júnior, destacou a evolução do grupo. “Senti uma melhora real na qualidade de vida dos participantes, no aperfeiçoamento da apresentação dos produtos e no cuidado com as embalagens, com a divulgação e com as vendas. Eles compreenderam que gerar valor é mais que vender, é atender bem, comunicar bem, se posicionar. E fiquei especialmente feliz por termos entre as formandas, três empreendedoras vindas da Venezuela, o que torna o projeto transnacional e ainda mais enriquecedor”.
Ribas do Rio Pardo: autoestima e coragem para empreender
Ribas do Rio Pardo recebeu o projeto também por quatro meses, com 25 mulheres atendidas. As participantes passaram por capacitações sobre comportamento empreendedor, autoestima, vendas, precificação, marketing digital e outros temas essenciais para estruturar ou fortalecer pequenos negócios. As mentorias individuais foram fundamentais para identificar oportunidades, corrigir processos e ampliar a capacidade de atuação das empreendedoras.
A atividade prática ocorreu na Feira do Município, em 15 de novembro, quando as participantes puderam comercializar seus produtos aplicando as estratégias aprendidas. De acordo com o analista-técnico do Sebrae/MS, Márcio Ohashi, o resultado superou as expectativas. “O programa foi muito assertivo e trouxe oportunidades reais para esse público. As participantes relataram melhora na autoestima, coragem para empreender, confiança em si mesmas e até a descoberta de talentos que podem gerar renda e realizar sonhos. É muito gratificante ver essas transformações”, disse.
Em Três Lagoas, ações contemplaram 25 participantes, desses, 23 mulheres e 2 homens
Três Lagoas: emoção e novas perspectivas
Três Lagoas foi o município que concluiu o ciclo, após cinco meses de atividades, atendendo 25 participantes, desses, 23 mulheres e 2 homens. A jornada incluiu rodas de conversa empreendedoras, acompanhamento para formalização, reuniões sobre saúde mental, precificação, marketing digital, elaboração de um plano de negócios e uma dinâmica de pitch, na qual as empreendedoras apresentaram seus produtos simulando situações reais de venda e negociação. As mentorias individuais apoiaram as decisões de mercado, a definição de preços, a estruturação dos negócios e o posicionamento das marcas locais.
“Estou extremamente orgulhosa do trabalho que entregamos. O programa trouxe capacitação, oportunidades e melhoria na renda das famílias atendidas. Vimos participantes mais seguras, mais preparadas e com visão de negócio. Isso significa mais empreendedorismo no território, mais autonomia e mais desenvolvimento”, avalia a analista-técnica do Sebrae/MS, Patrícia Taiana Batista.
Entre os concluintes, o administrador Antônio Donizete Lemes, um dos poucos homens da turma, emocionou o público ao compartilhar sua trajetória. Ele descobriu o empreendedorismo durante a pandemia, quando passou a produzir biscoitos de nata com ajuda da família. Agora pretende expandir o negócio e oficializar o nome da empresa – Quitutes da Maju – em homenagem à uma de suas filhas. “Eu me superei em diversos aspectos. Foi bacana demais, todos aprendemos juntos, estou muito emocionado”, finaliza.




















