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terça-feira, 2 de setembro, 2025
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Propostas da UFMS são premiadas no 2º Desafio de Inovação Pantanal Tech MS

Duas das três propostas vencedoras da 2ª edição do Desafio de Inovação Pantanal Tech MS foram desenvolvidas por equipes da UFMS. O desafio contemplou as áreas de bioeconomia, biodiversidade, turismo e agronegócio e recebeu 102 inscrições. 

As soluções premiadas após a realização de pitches foram: em primeiro lugar, a Spirulina Bioativo Pantanal, desenvolvida por uma equipe da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (Uems), representada por Michelle Pinheiro Vetorelli; em segundo lugar, Smart Seed.IA, desenvolvida pela startup Dual Link, empresa incubada da UFMS, representada pelo professor do Instituto de Física (Infi) e sócio-fundador, Cauê Martins; e em terceiro lugar, Marmos, desenvolvida pela empresa Damine, também incubada da UFMS, sob liderança do professor da Faculdade de Engenharias, Arquitetura e Urbanismo e Geografia (Faeng) e sócio-cotista, Edson Batista. 

O Desafio de Inovação Pantanal Tech MS é realizado pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc) e da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado (Fundect), em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-MS). Como premiação, os desenvolvedores de cada uma das três propostas premiadas recebem bolsas de R$ 6,5 mil mensais durante um ano, para o desenvolvimento das soluções. 

SmartSeed.IA

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startup Dual Link trabalha conectando o setor produtivo à academia. Uma de suas unidades de negócios busca, dentro das instituições de pesquisa, projetos que possam ser convertidos em tecnologia e inovação, e, fora das universidades, os potenciais clientes para estas inovações. “Neste contexto, nasceu a SmartSeed.IA, nossa solução que utiliza espectroscopia e inteligência artificial para prever o vigor de sementes. Com a nossa solução, é possível obter resultados de vigor de semente em poucos minutos. Isso permite que as sementeiras (como são chamados os laboratórios de análise especializados) prevejam qual será a força de cada uma daquelas plantas”, explica o sócio-fundador, Cauê Martins.

Conforme o professor, as sementeiras costumam realizar de 10 a 14 testes com uma duração média de quatro semanas antes de enviar os resultados aos clientes e estes testes costumam ter grande viés humano. Adicionalmente, todos os lotes ficam armazenados em ambiente climatizado, consumindo energia, recursos humanos e insumos.

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Com o SmartSeed.IA, a análise é feita com a coleta de apenas uma amostra de cada lote, com a submissão dessa amostra a um ensaio em um equipamento que é amplamente comercializado e, com o resultado, a empresa utiliza algoritmos super avançados de propriedade intelectual própria, ou seja, patenteados, para chegar à previsão do vigor da planta. “Com o SmartSeed.IA reduzimos os investimentos em energia, insumos, recursos humanos e excluímos completamente o viés humano, de modo que uma máquina passa a tomar a decisão, o que permite que a sementeira preveja quais daqueles grupos, daqueles lotes de semente, são aqueles que terão sucesso comercial. Eles passam a prever isso, então eles têm essa informação adiantadamente”, explica.

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Esta foi a primeira vez que a Dual Link participou do Desafio Pantanal Tech e, para o sócio-fundador, a segunda colocação mostra que a solução tem muita relevância e impacto. “Ela pode ser aplicada hoje, de forma imediata, já dentro do nosso Estado e em todo o território brasileiro. O SmartSeed.IA é composto por três doutores, entre os quais um especialista sênior que já trabalha como consultor de grandes sementeiras há mais de 30 anos. Então a juventude, o ímpeto da inovação, com a experiência da equipe tornam o SmartSeed.IA uma solução factível, que é resultado de investimento do nosso Estado, via Sebrae, via Fundect, da Semadesc, do Governo do Estado e também da UFMS”, informa.

Além do troféu, a empresa irá receber R$  78 mil distribuídos em doze meses de bolsa, que serão utilizados na estrutura, para fortalecer os recursos humanos. A startup Dual Link está incubada na UFMS e foi criada no início de 2023 no Programa Centelha do Governo do Estado. Atualmente, são quatro colaboradores.

Marmos 

Propostas da UFMS são premiadas no 2º Desafio de Inovação Pantanal Tech MS

startup Damine foi criada em 2020 a partir de pesquisas aplicadas desenvolvidas na UFMS. Inicialmente operava sob o nome de Qualimeat, com o objetivo principal de desenvolver tecnologia de ponta para agregar valor e produtividade ao agronegócio, eliminando a subjetividade de processos críticos. Com a evolução do portfólio de soluções e ampliação de atuação, a Qualimeat deu lugar à Damine, nome que reflete o compromisso ampliado com a inovação, sustentabilidade e a transformação digital do setor agroindustrial. 

Além de desenvolver soluções tecnológicas, a empresa tem se consolidado como ambiente formativo, com oportunidades para estudantes de graduação e pós-graduação atuarem diretamente em projetos de inovação com alto grau de aplicabilidade. “Atualmente, nossa equipe multidisciplinar tem sete pessoas com talentos nas áreas de engenharia, ciência da computação e gestão, todos focados em conectar à Indústria 4.0 por meio de produtos inovadores. Com o apoio fundamental do programa de incubação da UFMS, a Damine vem ganhando a maturidade necessária para levar o Marmos ao mercado com sucesso”, informa o sócio-cotista Edson Batista. 

Propostas da UFMS são premiadas no 2º Desafio de Inovação Pantanal Tech MS

Marmos foi desenvolvido para modernizar as atividades operacionais dos frigoríficos. “É um equipamento portátil com inteligência artificial embarcada que, de forma instantânea e objetiva, avalia parâmetros essenciais da carcaça bovina, como marmoreio, espessura de gordura e área de olho de lombo. Ele elimina a subjetividade da avaliação visual, promove a rastreabilidade total e integra os dados aos sistemas de gestão do frigorífico”, comenta. 

O professor conta que, desde o início do desafio, a equipe composta por ele, pela administradora Luciana de Campos e pelo sócio, o engenheiro egresso da UFMS e estudante do Mestrado em Engenharia Elétrica Jader Lucas Perez, sabia que estariam em um ambiente com alto nível técnico. “Isso nos motivou a investir intensamente na preparação que envolveu diversas etapas integradas: construção colaborativa do modelo de negócio com o auxílio do Business Model Canvas, disponibilizado pela organização do desafio, elaboração de uma apresentação clara e impactante, redação técnica dos documentos submetidos, e desenvolvimento de um pitch convincente, ajustado aos critérios do desafio. Cada membro assumiu papéis complementares da análise de mercado e diferenciais tecnológicos à modelagem financeira e storytelling do produto, o que fortaleceu ainda mais nossa sinergia como time empreendedor”, explica.

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O sócio-cotista destaca o apoio do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai-MS) na montagem e nos testes do equipamento Marmos e afirma que, além da visibilidade e das conexões estratégicas com o ecossistema de inovação do Estado, o evento proporcionou um ganho inestimável de maturidade empreendedora, especialmente em como apresentar soluções tecnológicas de alto impacto para “investidores”, parceiros institucionais e grandes players do setor produtivo nacional.

Para o professor, a premiação é motivadora do potencial inovador gerado em Mato Grosso do Sul. “Ficamos muito honrados com o reconhecimento deste prêmio, que tem um significado que vai muito além do valor financeiro. Ver outros nove finalistas com soluções na fronteira da inovação mostrou a força do nosso ecossistema e valoriza imensamente nossa conquista. É uma confirmação de que estamos no caminho certo e um incentivo para continuarmos investindo em pesquisa e desenvolvimento”, aponta.

O recurso do prêmio será utilizado para o aprimoramento do Marmos, que já está em testes em frigoríficos do Estado, e para a estruturação do canal de comercialização da empresa. A solução inovadora também foi a única do Centro-Oeste selecionada em uma das fases do edital Smart Factory do Senai em 2023. 

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