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quinta-feira, 4 de setembro, 2025
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Puma Suede: um clássico da dança de rua?

Modelo criado há mais de 40 anos ainda é uma tendência entre jovens b-boys e b-girls do mundo inteiro

Tendências relacionadas à moda vão e vem no tempo. Algo que foi importante na década de 1970 pode ressurgir em 2021 com um ar vintage ou cult, como dizem os especialistas do setor. E algo que é considerado cafona ou brega atualmente pode ser revolucionário daqui algumas décadas. Mas algumas peças rompem com esse diagnóstico e têm o poder de se eternizar na vestimenta de alguns setores da sociedade.

É o caso do Puma Suede, um sapato atemporal, que evoca um estilo natural e possui significado cultural importante, sobretudo para quem curte hip hop e dança break, um dos elementos fundamentais da cultura Sneaker Breaker. O Puma Suede nunca precisou de estratégias exageradas de marketing ou cores exuberantes. Sua resistência nas ruas mostra que seu estilo é parte intrínseca da comunidade mundial underground.

Um dos modelos icônicos da Puma começou a ganhar fama com a saudação do poder negro de Tommie Smith nos Jogos Olímpicos de 1968 no México. Outra referência importante para entender a longevidade do calçado está no fato de que a lenda dos Knicks, um dos times mais tradicionais de basquete dos EUA, Walt “Clyde” Frazier, balançava o Suede sem esforço dentro e fora da quadra.

Para além disso, há ainda o fato de que o sapato foi abraçado pela comunidade hip hop no surgimento do gênero, quando movimento que emergiu das festas da sala de recreação do DJ Kool Herc, em meados de 1973. Ter um Puma Suede nesse momento significava fazer parte de um movimento crescente e cada vez mais influente na cultura urbana dos EUA.

Quando a cultura hip-hop começou a se espalhar pelo Bronx e também para outros países, o mesmo aconteceu com a popularidade do Suede, ainda que fosse difícil encontrar o modelo em lojas da Europa, por exemplo. B-boys e b-girls britânicos viajaram até os Estados Unidos para despachá-los, o que os levou a serem renomeados de PUMA States quando finalmente foram lançados no Reino Unido nos anos 80.

Até hoje o Suedes continua a ser uma escolha básica de calçado para quem dança break, mesmo com mais de 50 anos do seu lançamento nas vielas de New York. B-boys e b-girls contemporâneos são tão propensos a usar o sapato no calor da batalha ou durante uma sessão de treinamento, que nenhuma marca consegue adentrar esse mercado com força, dada a hegemonia do calçado entre os amantes do hip hop.

“Você não era um b-boy ou b-girl de verdade se não tivesse um par de Suedes”, diz Karam Singh , um b-boy campeão mundial de Derby que representa a equipe SMAC 19. Conhecido como Kid Karam, o jovem de 22 anos começou a dançar aos 10 anos em nível competitivo. “Não há outro calçado que eu possa usar quando estou competindo”, afirma.

Outros dançarinos retomaram suas experiências com o seu PUMA Suede. Cada um deles traz na memória momentos marcantes com o calçado. A portuguesa Vanessa Marina afirma que foi aos EUA para comprar seu exemplar quando decidiu que seria b-girl. O jovem Jackson Watson queria imitar seu ídolo adquirindo o tênis vermelho para dançar como ele. “Esse tênis embalou gerações e gerações de dançarinos que queriam ter algum destaque na cena underground”, diz Jackson.

A PUMA está agora lançando uma nova iteração do Suede, The Suede Classic XXI, na esperança de inspirar outra geração de revolucionários culturais a causar um impacto no mundo da mesma forma que muitas lendas que usaram o tênis fizeram antes.

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