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quinta-feira, 4 de setembro, 2025
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Quartéis terão bloqueio a atos durante julgamento do núcleo golpista no STF

O Exército determinou tolerância zero para manifestações e aglomerações próximas a unidades militares durante o julgamento do núcleo central do plano de golpe, que terá início nesta terça-feira (2) no Supremo Tribunal Federal (STF). A orientação foi repassada aos comandos de área em meio ao reforço da segurança em Brasília.

A medida também mira os atos convocados para o feriado de 7 de setembro, que coincidirão com a análise do caso pela Primeira Turma do STF. O Comando Militar do Planalto (CMP) e a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal têm realizado reuniões permanentes para coordenar o esquema de segurança, que prevê policiamento reforçado e uso de drones de monitoramento.

Na capital federal, os atos devem se concentrar na região da Torre de TV, distante tanto das unidades militares quanto da Praça dos Três Poderes. Segundo oficiais, não há expectativa de mobilização em frente aos quartéis, sobretudo porque o Alto Comando do Exército rejeitou a ideia de um golpe para manter Jair Bolsonaro (PL) no poder — posição que desagradou parte da base bolsonarista.

O julgamento, no entanto, é considerado sensível para as Forças Armadas, já que diversos militares de alta patente estão entre os acusados de tentar orquestrar um golpe de Estado. Apesar disso, integrantes da cúpula repetem o discurso do ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, de que é necessário “separar o CPF do CNPJ”: punir indivíduos sem comprometer as instituições.

Nesta primeira fase, serão julgados Bolsonaro, capitão reformado do Exército, o tenente-coronel Mauro Cid — delator da trama — e três generais de quatro estrelas: Augusto Heleno (ex-ministro do GSI), Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira (ex-ministro da Defesa) e Walter Braga Netto (ex-ministro da Casa Civil). O almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, também está entre os réus.

O tema remete ainda à crise política que se seguiu à derrota eleitoral de Bolsonaro, em 2022. Seus apoiadores mantiveram acampamentos em frente a quartéis pedindo intervenção militar. De lá, no dia 8 de janeiro de 2023, partiram grupos que atacaram as sedes dos Três Poderes, em Brasília. Generais reconhecem hoje que foi um erro permitir a permanência dos acampados, mas justificam a omissão pelo “ambiente político” da época, ainda sob influência do então presidente.

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