Publicado em 04/09/2017 10h45
Questão alfandegária tem que andar simultaneamente a obras para implantação da rota, diz secretário
Marcelo Miglioli participou de expedição que testou a viabilidade da rota de integração terrestre entre o Centro-Sul brasileiro e os portos chilenos
A questão da simplificação e agilização do tramite alfandegário entre Brasil, Paraguai, Argentina e Chile tem que ser resolvida simultaneamente a execução das obras físicas para assegurar a implantação da rota rodoviária terrestre que liga o Centro-Sul brasileiro aos portos chilenos. A avaliação foi feita na manhã desta segunda-feira (4), pelo secretário estadual de Infraestrutura de Mato Grosso do Sul, Marcelo Miglioli, em entrevista ao Bom Dia MS.
Miglioli participou da expedição organizada pelo Sindicato das Empresas de Transporte Rodoviário de Cargas e Logística de Mato Grosso do Sul (Setlog/MS) que percorreu em caminhonetes o corredor, chamado de Rota de Integração Latino-Americana (RILA).
Primeiro, a expedição testou a viabilidade do corredor, seguindo de Mato Grosso do Sul, passando pelo Paraguai e Argentina até o porto chileno de Antofagasta, em um total de 2,2 mil quilômetros. No trecho passou pela Cordilheira dos Andes e depois pelo deserto do Atacama. Depois o grupo participou de uma série de reuniões e atividades para discutir e analisar o projeto passando por cidades chilenas e argentinas, até chegar a Assunção, no Paraguai, percorrendo entre os dias 25 de agosto e 2 de setembro, em torno de 6 mil quilômetros.
Miglioli lembrou que atualmente uma carga que seguisse por via terrestres neste trecho passaria por oito controles alfandegários dos quatro países, e que esse tramite burocrático precisa ser mais simples e ágil para assegurar a viabilidade do corredor. “Essa questão é muito deficitária atualmente. A começar pelo Brasil, pelo que pudemos constatar na passagem de Porto Murtinho, em Mato Grosso do Sul, para Carmelo Peralta no Brasil. Para isso, um grupo de trabalho capitaneado pelo Ministério das Relações Exteriores está discutindo esse assunto com representantes dos outros três países”, disse.
O secretário comentou ainda que outro grande gargalo para a implantação da rota, melhorias na logística do Brasil (construção da ponte binacional entre Porto Murtinho e Carmelo Peralta), do Paraguai (participação na construção da ponte e pavimentação da rodovia no Chaco) e da Argentina (pavimentação de trecho de estrada no Chaco) já estão com projetos e ações em tramitação. “No caso do Brasil, o projeto está sendo analisado por duas comissões da Câmara, depois deve passar pelo plenário e pelo Senado. O coordenador da bancada federal, Waldemir Moka, nos disse em Assunção, que vai ocorrer um esforço para prever recursos no orçamento da União para 2018, para que no próximo ano as obras da ponte já sejam iniciadas. No caso do Paraguai, o ministro das Obras Públicas e Comunicações, nos falou que um dos trechos no Chaco já está sendo licitado e outro deve ter edital lançado em breve e na Argentina, um segmento de 24 quilômetros que falta ser pavimentado está com obras aceleradas e deve ser concluído rapidamente”.
Miglioli ressaltou que diante desse quadro, terminou a expedição da RILA muito mais otimista do que iniciou, em relação aos avanços e a mobilização que está ocorrendo e projeta que em um prazo de 4 a 5 anos o corredor deve estar estar viabilizado.
Se viabilizada a rota, o Setlog/MS aponta que o corredor vai possibilitar uma redução de 8 mil quilômetros de rota marítima na exportação de produtos de Mato Grosso do Sul e de outros estados do Centro-Sul do país para a Ásia, em comparação com o escoamento pelos portos do sudeste e sul do Brasil. Por estes terminais a viagem até a China, por exemplo, demora 14 dias e percorre 18 mil quilômetros de rota marítima. Esse ganho de tempo vai representar uma redução no custo logístico do transporte, de 10% a 12%.
Além da exportação para a Ásia, o secretário estadual de Infraestrutura destaca que o corredor vai estimular o próprio comércio entre os quatro países e também o turismo, possibilitando um acesso fácil aos brasileiros a belezas como a Cordilheira dos Andes e o deserto do Atacama, e aos visitantes de outros países a Bonito e ao Pantanal, em Mato Grosso do Sul, por exemplo.
G1/MS




















