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quinta-feira, 14 de agosto, 2025
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Reação ao tarifaço é insuficiente para mudar cenário econômico, dizem especialistas

O governo federal anunciou nesta quarta-feira (13) um pacote de R$ 30 bilhões para apoiar empresas afetadas pela tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. A medida provisória, assinada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, prevê linhas de crédito específicas, suspensão temporária de tributos e priorização de compras governamentais de itens impactados.

O pacote foi divulgado mais de um mês após o presidente norte-americano, Donald Trump, decretar as tarifas, período em que empresas e setores produtivos — especialmente café, pesca e o setor moveleiro do Sul — já registravam perdas significativas. Segundo Haddad, a ação é um “primeiro passo” e não estão descartadas novas medidas caso os efeitos se agravem.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou que a prioridade é negociar, mas avisou que o país “não se submeterá a chantagens” e que buscará novos mercados, se necessário.

Críticas e cautela

Especialistas apontam que o pacote é um alívio momentâneo, mas não resolve problemas estruturais da economia brasileira. Para Fabio Murad, CEO da Super-ETF Educação, trata-se de uma solução paliativa diante de “uma política externa agressiva” e que adia o enfrentamento da fragilidade fiscal.

Carlos Honorato, economista e professor da FIA Business School, critica a ausência de reformas estruturais e alerta para o risco de endividamento das empresas com a nova oferta de crédito. Ele defende ações específicas para setores mais atingidos e incentiva a diversificação de mercados para reduzir a dependência dos EUA.

Já o cientista político André César considera que o governo agiu com cautela, ouvindo os setores mais afetados e adotando medidas inteligentes como o congelamento de tributos e a abertura de crédito. No entanto, ressalta que o sucesso dependerá de resultados concretos e de atenção ao impacto fiscal.

O professor João Gabriel Araújo, do Ibmec Brasília, avalia que o pacote pode evitar a perda imediata de mais de 140 mil postos de trabalho, mas também alerta para o risco de aumento do déficit público caso não haja equilíbrio fiscal.

Com o cenário de tensões comerciais, especialistas reforçam que a diversificação de destinos de exportação será crucial para proteger a economia brasileira de novas sanções.

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