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sábado, 6 de setembro, 2025
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Reforma do Imposto de Renda deve favorecer quem ganha até R$ 7.350; confira

O governo federal propôs uma alteração na cobrança do Imposto de Renda (IR) que visa ampliar a faixa de isenção e reduzir o imposto retido na fonte para trabalhadores com salários médios. A medida, em análise no Congresso Nacional, poderá entrar em vigor em 2026.

Segundo cálculos do diretor tributário da Confirp Contabilidade, Welinton Mota, feito ao G1, os trabalhadores que ganham R$ 5 mil por mês terão maior benefício, deixando de pagar cerca de R$ 313 por mês de IR. Considerando o décimo terceiro salário, a economia anual pode chegar a R$ 4.067. Para quem ganha R$ 4 mil, o ganho anual seria de aproximadamente R$ 1.492, enquanto salários de R$ 3,4 mil teriam aumento de R$ 355 por ano.

GANHOS COM A PROPOSTA DE MUDANÇAS NO IR

Renda mensalGanho por mêsGanho anual
R$ 3,4 milR$ 27,30R$ 354,89
R$ 4 milR$ 114,76R$ 1.491,89
R$ 5 milR$ 312,89R$ 4.067,57
R$ 5,5 milR$ 246,32R$ 3.202.19
R$ 6 milR$ 179,75R$ 2.336,75
R$ 6,5 milR$ 113,18R$ 1.471,31
R$ 7 milR$ 46,60R$ 605,86
R$ 7,35 milzerozero

A proposta prevê isenção total de IR para rendas de até R$ 5 mil e desconto variável para salários entre R$ 5 mil e R$ 7,35 mil, dependendo do texto final aprovado. Acima desse valor, os contribuintes não receberiam benefício fiscal. Segundo o relator, deputado Arthur Lira (PP-AL), a mudança beneficiaria cerca de 500 mil brasileiros inicialmente.

Se aprovada, a reforma impactaria 10 milhões de contribuintes, com mais de 26 milhões de declarantes (65%) ficando isentos. Considerando a população total, 87% não pagariam IRPF em 2026. O objetivo declarado do governo é promover “neutralidade” fiscal e melhorar a distribuição de renda, segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

A proposta inclui ainda medidas compensatórias, como taxação de rendas superiores a R$ 50 mil mensais, equivalente a R$ 600 mil anuais, garantindo arrecadação frente à ampliação da faixa de isenção. Contudo, especialistas apontam que a medida beneficia principalmente a classe média alta, enquanto parcela significativa da população de baixa renda permanece fora do escopo.

Segundo dados da PNAD/IBGE, apenas 32% dos trabalhadores brasileiros, que ganham acima de dois salários mínimos, seriam contemplados pela isenção ampliada. Economistas destacam que tributar lucros e dividendos de forma mais progressiva poderia gerar recursos superiores a R$ 100 bilhões por ano, sem impactar os trabalhadores de menor renda, além de reduzir a elevada carga sobre o consumo, que pesa mais sobre os mais pobres.

Organizações da sociedade civil, como o Inesc e a Oxfam Brasil, defendem que a proposta atual seja apenas um ponto de partida para um sistema tributário mais justo e inclusivo, sensível às desigualdades sociais e raciais no país.

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