Remédio contra a leishmaniose canina é vendido a alto custo no Brasil

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Publicado em 08/09/2017 17h00

Remédio contra a leishmaniose canina é vendido a alto custo no Brasil

Há um ano o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento autorizou a comercialização do Milteforan, primeiro medicamento vendido no país para o tratamento da leishmaniose canina. O custo do remédio, no entanto, pode ultrapassar R$ 1 mil, o que vai além da capacidade financeira da maioria das famílias brasileiras.
O autônomo Ivaldo Aguiar, de 60 anos, que perdeu a cachorra Nala para a doença, afirma que, mesmo sem ter condições para arcar com o alto custo do tratamento, optaria por tentar salvar a dachshund, que morreu em 2016. O medo de Ivaldo é de os outros cães serem contaminados pela leishmaniose, mesmo tendo vacinado-os. “Não consigo imaginar minha vida sem eles. Foi muito difícil quando a Nala partiu”, lamentou.Os cães Tom, Raia, Kiara e Tói de um ano e meio de idade moram com a ex-esposa e o filho de Ivaldo no Jardim Botânico, no Distrito Federal. A região está entre as áreas de maior risco de contaminação pela doença, segundo a Diretoria de Vigilância Ambiental (Dival). A razão é a vegetação local. “Se for preciso, moro longe, mas eles não saem de perto de mim”, afirmou.
O motivo do alto custo da medicação, segundo a Virbac, é a importação. O Milteforan vem da Europa, continente em que a leishmaniose dificilmente atinge seres humanos. O tratamento em animais é feito durante 28 dias, mas o acompanhamento veterinário é para a vida toda.
Mesmo com a queda no contágio de humanos, a médica veterinária Verônica Foltynek se preocupa com a possibilidade de piora no total de casos registrados em 2017. “Neste ano, atendi mais cães infectados do que o habitual. A situação se complica ainda mais porque existem aqueles animais infectados sem apresentar sintomas”, disse. Os dados consolidados deste ano sobre a doença no Distrito Federal só estarão disponíveis em 2018.
Há regiões com mais prevalência do mosquito-palha do que outras. Ao contrário do que se pensa, a ideia preconceituosa de que a doença atinge apenas áreas com saneamento precário não tem fundamento. Segundo a Dival, a leishmaniose está mais presente em bairros nobres como os Lago Sul e Norte.
A veterinária faz um alerta sobre locais próximos a córregos e matas do cerrado, que oferecem mais riscos. “O mosquito existe onde há matéria orgânica. É a condição de sobrevivência dele”, concluiu.

R7

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