22.8 C
Campo Grande
sábado, 15 de novembro, 2025
spot_img

Resgate de preso expõe escolta frágil; agência garante sigilo de transportes

23/09/2016 15h00

Resgate de preso expõe escolta frágil; agência garante sigilo de transportes

Quatro homens fortemente armados dominaram dois policias com pistolas

Correio do Estado

Resgate do traficante Mário Márcio Oliveira dos Santos, de 31 anos, ocorrido em plena manhã de ontem em hospital de Campo Grande, de maneira audaciosa, expôs a estrutura frágil com que policiais militares atuam diariamente no serviço de guarda e escolta de presidiários.

Apontado por autoridades como integrante da facção Primeiro Comando da Capital (PCC), Mário Márcio era escoltado por apenas dois homens da segurança pública. Os policias foram dominados e imobilizados por quatro criminosos fortemente armados que fugiram levando junto o traficante. Toda a ação que pareceu cena de filme durou cerca de cinco minutos e aconteceu por volta das 7h30min, no Hospital Adventista do Pênfigo, na Avenida Gunter Hans, na saída para Sidrolândia.

De acordo com militar que temendo represálias preferiu o anonimato, a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen) não comunica formalmente grupos de guarda e escolta sobre a periculosidade de presos a serem transportados. “Não recebemos nenhum documento informando a natureza dos crimes que cometeram. O que sabemos é de boca. Quando o detento é entregue o agente avisa informalmente para o policial tomar cuidado”, citou.

Na avaliação do militar, deveriam existir regras. “Falta efetivo, faltam armas, viaturas estão sucateadas. Policiais se viram como podem. Fazem o trabalho com o que tem. Deveria ter doutrina. O correto em escolta é o carro que leva o preso ser acompanhado por outra viatura, com pessoas capacitadas para reagir se houver necessidade. Além disso, enquanto dois policiais levam o preso para o atendimento, outro tem que ficar posicionado estrategicamente com fuzil. Mas, infelizmente, nossa realidade é outra”, pontou.

No caso do presidiário Mário Márcio, que cumpria pena na Máxima pela condenação de 22 anos de prisão por tráfico e estelionato, apenas dois policiais o acompanharam. Um terceiro estava na viatura fazendo sozinho a guarda de outro preso e esperava os colegas retornarem do atendimento, aponta denúncia.

PARTICULAR

O traficante foi levado para o Hospital Adventista para consulta particular, cujo pagamento foi feito pela família, de acordo com o diretor da Agepen, Ailton Stropa que garante que o transporte ocorreu em sigilo. “A família fez o agendamento da consulta que era para ser hoje. Mas, por medida de segurança, adiantamos para ontem. Nunca cumprimos as datas levadas por familiares. O preso também não é avisado sobre o dia da consulta e é retirado da cela já para ser levado ao hospital”, explicou.

Ainda não se sabe como souberam da saída do criminoso, mas comparsas o resgataram ontem, de dentro da unidade hospitalar. O carro usado pelo grupo, um Corolla, foi encontrado abandonado na saída para Sidrolândia, a poucos metros do hospital. No entanto, nenhum envolvido no caso foi preso até o momento.

Policiais reclamam de falta de efetivo para escoltas - Foto: Bruno Henrique/Correio do Estado

Fale com a Redação