As fronteiras entre Mato Grosso do Sul e a Bolívia estarão fechadas a partir da 0h deste domingo (19), em razão do segundo turno das eleições presidenciais bolivianas, que mobilizará cerca de 7,5 milhões de eleitores em todo o país vizinho. A medida, de praxe em dias de votação nacional, visa garantir a segurança e tranquilidade durante o pleito, especialmente nas cidades fronteiriças de Puerto Suárez e Puerto Quijarro, próximas a Corumbá (MS).
Disputam o comando do país o senador Rodrigo Paz Pereira, do Partido Democrata Cristão (PDC), e o ex-presidente Jorge “Tuto” Quiroga, da Aliança Livre (AL) — ambos representantes da oposição ao atual governo. É a primeira vez desde 2009, quando foi promulgada a nova Constituição boliviana, que o país realiza um segundo turno presidencial.
Em Mato Grosso do Sul, o único local autorizado para votação é o Consulado da Bolívia em Corumbá, situado na Rua Sete de Setembro, entre a Rua Delamare e a Avenida General Rondon. Segundo Yoryina Guadalupe Dorado Ramos, representante do Órgano Electoral Plurinacional (OEP) no município, 289 bolivianos estão aptos a votar. A eleição seguirá o horário oficial da Bolívia, das 8h às 16h.
Apesar do número reduzido de eleitores cadastrados, Corumbá abriga uma das maiores comunidades bolivianas de Mato Grosso do Sul, estimada entre 12 mil e 13 mil pessoas. No primeiro turno, realizado em agosto, o ex-presidente Jorge “Tuto” Quiroga foi o mais votado no consulado, com 70 votos, seguido de Rodrigo Paz, que obteve 19 votos.
Durante o período eleitoral, a travessia na fronteira ficará restrita a pedestres, com reforço na fiscalização por forças policiais brasileiras e bolivianas.
Fim de uma era política
O pleito deste domingo marca o fim de quase duas décadas de hegemonia do Movimento ao Socialismo (MAS), partido liderado pelo ex-presidente Evo Morales e pelo atual mandatário Luis Arce. No primeiro turno, o MAS sofreu uma derrota histórica, obtendo menos de 4% dos votos, com Eduardo del Castillo como candidato. O melhor desempenho entre os nomes ligados à esquerda foi o de Andrónico Rodríguez, que alcançou 8,15%.
Rodrigo Paz, de perfil centrista, liderou o primeiro turno com 32,08% dos votos, enquanto Tuto Quiroga, representante da direita conservadora, ficou com 26,94%. Ambos prometem romper com o modelo estatal da era MAS, mas divergem quanto à política econômica.
A fragilidade da economia, marcada pela inflação crescente, queda nas exportações de gás natural e escassez de combustível, é o principal tema entre os eleitores. Analistas apontam que a eleição poderá definir o rumo da produção de lítio, uma das maiores riquezas naturais do país.
Voto no exterior e regras
O voto no exterior não é obrigatório, mas é exigido por órgãos públicos e instituições financeiras bolivianas para a realização de diversos serviços. Para votar, o eleitor deve apresentar a carteira de identidade boliviana — mesmo vencida há até um ano — ou passaporte válido.
O novo sistema eleitoral, implantado após as denúncias de fraude em 2019, prevê que as cédulas de apuração sejam fotografadas e enviadas eletronicamente aos centros de contagem, sob supervisão de observadores internacionais da União Europeia e da OEA.
As urnas serão abertas às 8h (9h de Brasília) e fechadas às 16h (17h de Brasília). O Tribunal Eleitoral da Bolívia estima divulgar 80% dos resultados preliminares ainda na noite de domingo. O novo presidente tomará posse em 8 de novembro.
