Selic deve continuar em 15%; Copom anuncia decisão hoje

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Reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Foto: Raphael Ribeiro/ Banco Central)

Economistas veem pouca margem para cortes diante de inflação acima da meta

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne nesta quarta-feira (10) e deve manter a taxa básica de juros da economia em 15% ao ano, segundo projeções do mercado financeiro. Caso a expectativa se confirme, será a quarta manutenção seguida da Selic, que permanece no maior patamar desde 2006. A decisão será anunciada após as 18h.

A Selic é o principal instrumento usado pelo Banco Central para controlar a inflação, afetando diretamente o custo do crédito e o ritmo da economia. Economistas ressaltam que as pressões inflacionárias ainda persistem, sobretudo entre as famílias de menor renda.

Mercado já descarta corte em janeiro

Até a semana passada, uma parte dos analistas ainda apostava na possibilidade de início do ciclo de redução de juros em janeiro. Agora, porém, a maior parte das instituições financeiras passou a prever que os cortes só devem começar em março, quando a Selic poderia ser reduzida para 14,5% ao ano.

Como o BC decide a taxa de juros

A atuação do Banco Central segue o sistema de metas de inflação. Quando as projeções estão alinhadas à meta, há espaço para reduzir juros. Caso contrário, a instituição tende a manter ou elevar a Selic.

Desde 2025, com o início da meta contínua, o objetivo da inflação foi fixado em 3%, tolerando variação entre 1,5% e 4,5%.

Com a inflação tendo ficado por seis meses seguidos acima da meta em junho, o BC precisou divulgar uma carta pública explicando os motivos do descumprimento.

As decisões do Copom olham para o futuro: mudanças na Selic levam de seis a 18 meses para afetar a economia. No momento, o BC mira a meta considerando o segundo trimestre de 2027.

Para os próximos anos, o mercado prevê inflação de 4,40% (2025), 4,16% (2026), 3,8% (2027) e 3,5% (2028) — todas acima da meta central.

BC aponta desaceleração da economia

O Banco Central tem afirmado que uma desaceleração econômica faz parte da estratégia de controle da inflação, reduzindo a pressão principalmente no setor de serviços.

Na ata da reunião anterior, divulgada em 11 de novembro, o BC informou que o “hiato do produto” segue positivo — ou seja, a economia ainda opera acima de seu potencial, sem gerar alívio suficiente na inflação.

“O crescimento tem mostrado moderação gradual, como esperado”, disse o Comitê no documento.

O que dizem analistas

Itaú
Para o Itaú, mesmo com melhora na inflação corrente e nos núcleos, a Selic deve ser mantida em 15%. O banco prevê que o ciclo de cortes começará apenas em janeiro de 2026, com redução inicial de 0,25 ponto percentual.

“O Copom deve reforçar a necessidade de paciência e condicionar passos futuros a novos dados”, avaliou a instituição.

Blue3 Investimentos
Segundo o economista José Aureo Viana, da Blue3, o BC deve reconhecer a desaceleração da atividade e o alívio inflacionário, mas seguirá travado pelo risco fiscal.

“A mensagem será de continuidade: juros altos por mais tempo, com qualquer discussão de corte ficando para 2026”, disse.

C6 Bank
Para o C6 Bank, a Selic deve seguir estável nesta reunião devido às projeções de inflação ainda acima das metas, à resiliência da economia e às pressões no mercado de trabalho.

A instituição prevê início dos cortes em março e taxa final de 13% ao ano em 2026.