Conhecido como celeiro do mundo, o Brasil se destaca na produção e exportação de alimentos, porém precisa vencer os desafios ambientais e tecnológicos para manter posição ao longo do tempo e conseguir atender a crescente demanda por alimentos, tanto interna quanto externamente. Com pouco mais de 200 milhões de habitantes, o país hoje produz alimentos suficientes para necessidades de cerca de 900 milhões de pessoas, equivalente a 11% da população global. Mas, até 2050, precisará ampliar em 70% a produção atual de alimentos para atender a demanda do crescimento populacional global, conforme dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).
O desafio de aumentar a produtividade está diretamente ligado às novas tecnologias, uma vez que nem sempre é possível expandir territorialmente a área, até por questões ambientais. Começando, na visão do zootecnista especializado em produção de ruminantes e pastagens, Oswaldo Stival Neto, no melhor aproveitamento da terra subutilizada.
Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), o Brasil perde, por ano, somente por erosão hídrica cerca de 2,5 bilhões de dólares nas áreas agrícolas do país, sobretudo em áreas ocupadas com pastagens degradadas. No total são 27,7 milhões de hectares de pastagens com potencial para conversão, desse total, 25,1 Mha apresentam potencial para a intensificação da pecuária de corte e 16,9 Mha para a pecuária de leite e para outras áreas de plantios diversos.
“Um dos maiores desafios para se aumentar a produtividade é a falta de disponibilidade de áreas para expansão de culturas ou de criação de animais. O produtor agora precisa buscar estratégias que garantam não somente uma produção mais eficiente, mas também mais sustentável. Um caminho muito importante e essencial é cuidar do solo e promover o resgate de áreas degradadas”, enfatiza o especialista.
Ele acredita que o capim Tifton 85 é uma solução para a produtividade e sustentabilidade da pecuária brasileira. Resultado do cruzamento de uma gramínea de clima temperado dos EUA com uma de clima tropical da África. Esta pastagem, criada em 1992 nos Estados Unidos, tem, entre outras vantagens, cerca do dobro do valor nutritivo que o capim braquiária, que é mais comum nas fazendas brasileiras. Ela também tem maior quantidade de matéria seca (alimento) por hectare e mantém cobertura densa que protege o solo contra a erosão, diferente das touceiras de outras pastagens.
Oswaldo Stival Neto explica que sua eficiência já vinha sendo aprovada por diversos institutos de pesquisas, mas a sua forma de plantio por rama não deu muito certo inicialmente no Brasil. A evolução do método de plantio para o sistema de mudas vem trazendo maior efetividade para sua implantação.
Na Amazon Mudas, Oswaldo e sua equipe desenvolveram uma tecnologia para cultivar as mudas matrizes, promover seu melhoramento genético e depois transportar para os pastos e realizar seu plantio de forma similar ao de tomate ou batata, usando plantadeiras. “A iniciativa resolveu o gargalo da forma de plantio”, diz Oswaldo.
Vantagens, na prática

Com o uso da pastagem de forma correta, segundo Oswaldo Neto, é possível aumentar a produtividade na criação de gado em até 10 vezes e ainda proteger o solo da erosão, contribuindo para a sustentabilidade tanto econômica quanto ambiental. “Usando tecnologias corretas, o País conseguiria atender a demanda global de um aumento de 50% na produção de proteína animal utilizando apenas 20% de sua área de pastagem atual”, calcula o especialista.
Entre as vantagens da pastagem, Oswaldo Stival Neto destaca que ela oferece cerca do dobro do valor nutritivo que o capim braquiária, que é mais comum nas fazendas brasileiras. Ela também tem maior quantidade de matéria seca (alimento) por hectare e mantém cobertura densa que protege o solo contra a erosão, diferente das touceiras de outras pastagens. Com isso, resume o pecuarista, é possível saltar da média de uma para sete cabeças por hectares e uma produção média de 40 arrobas por hectare sem o uso de ração.
“Isso ajuda a reter água e matéria orgânica, além de evitar que o adubo e o esterco dos animais sejam levados pela chuva para os rios”, explicou o pecuarista. Além disso, devido à sua cobertura vegetal, ele é capaz de sequestrar cinco vezes mais carbono do que as pastagens tropicais tradicionais.











