Sem histórico de violência e sem aceitar o fim do casamento: morte de Ângela lembra o feminicídio de Gisele

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Movimentação policial em frente a casa onde aconteceu o crime (Foto: Enviada ao Enfoque MS)

O assassinato de Angela Nayhara Guimarães Gugel, de 53 anos, ocorrido na manhã desta segunda-feira (08), em Campo Grande, chocou amigos, familiares e conhecidos. Dona de um restaurante bastante movimentado na região do bairro Taveirópolis, ela foi covardemente morta pelo marido, de 59 anos, após não aceitar voltar para casa. O autor tentou se matar em seguida, mas foi socorrido e está na Santa Casa, em estado delicado.

O casal tinha uma união de cerca de 30 anos e teve uma discussão na noite passada por motivos não esclarecidos, ocasião em que ela foi para a casa de sua mãe, onde passou a noite. Durante as primeiras horas desta manhã, conversaram por telefone e combinaram de se encontrar para conversar. Testemunhas apontaram que o autor chegou calmo no imóvel.

Entretanto, quando a vítima informou que não queria mais continuar o relacionamento, o homem sofreu um surto e partiu para cima dela usando um canivete e uma faca, desferindo diversos golpes. Depois, passou a se cortar para o suicídio, ferindo principalmente o seu pescoço. A filha do casal, de 25 anos, testemunhou a ação e foi esfaqueada no braço ao tentar impedir.

Eles não tinham histórico criminal ou de violência doméstica. Aos jornalistas, amigos do casal disseram estar chocados, pois jamais imaginaram que algo assim poderia ocorrer. O autor do feminicídio foi descrito como sendo um homem bom, gentil, brincalhão e honesto. A vítima, da mesma forma, foi citada como uma mulher trabalhadora, carismática e atenciosa.

Caso semelhante

Esse foi o 38º caso de feminicídio do ano em Mato Grosso do Sul e o desfecho lembra muito o do casal Anderson Cylis Rezende, de 49 anos, e Gisele da Silva Saochine, de 40, em crime ocorrido no dia 02 de outubro, também em Campo Grande. Da mesma forma, o autor não aceitou o término do casamento e, além de matar a vítima, cometeu o suicídio e ateou fogo no imóvel.

O casal tinha cerca de 20 anos de união estável, uma filha de 16 anos, evangélicos e nenhum histórico de violência doméstica. O processo de separação já estava se arrastando há algum tempo, mas o autor jamais aceitou e sempre tentou segurar a companheira para que não fosse embora de casa.

Anderson investiu na companheira com golpes de faca nos fundos do imóvel, após uma discussão. A irmã dela chegou a falar pela última vez por telefone às 16h, quando a vítima relatou a briga. Ao matar a mulher, arrastou o corpo até o quarto, onde usou material inflamável para incendiar o corpo dela e o seu, em suicídio, já quando estava no veículo, na garagem.

Anderson tinha uma marcenaria no bairro Coronel Antonino, próximo da UPA, e foi classificado pelos clientes como muito caprichoso e dedicado na função. O feminicídio surpreendeu amigos e familiares, que também nunca imaginaram que pudesse acontecer. Esse tinha sido o 27º caso de feminicídio do ano no estado.