Sindicato dos motoristas confirma manutenção da greve com 100% dos ônibus parados nesta quarta-feira

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Foto: PMCG

Com a confirmação dos motoristas de que não irão aceitar a determinação imposta pelo desembargador regional do Trabalho, César Palumbo, durante audiência de conciliação realizada nessa terça-feira (16), Campo Grande vai registrar na quarta-feira (17) a maior greve dos motoristas de ônibus dos últimos 31 anos.

Mesmo sob multa diária de R$ 200 mil, a categoria rejeitou (não de forna unânime) o acatamento da decisão de escalonamento do serviço. O desembargador responsável determinou que 70% dos veículos rodem das 6h às 8h30; 50% das 8h30 às 17h; e novamente 70% das 17h às 20h; e 50% até o fechamento do dia. Em protesto, os motoristas deixaram a audiência antes do término.

Reunidos em assembleia extraordinária, os trabalhadores discutiram a possibilidade de pelo menos 40% dos ônibus circularem a partir dessa quarta-feira, mas a maioria dos motoristas recusou, ficando por tanto a paralisação total mantida por mais um dia, o terceiro, se aproximando do recorde de 1994, na gestão do prefeito Juvêncio Cesar da Fonseca, que durou 72h.

Durante a audiência, o presidente do Consórcio Guaicurus, Themis Oliveira, não apresentou nenhuma previsão ou proposta de pagamento do restante do salário de novembro, vencido no dia 05 deste mês, e da segunda parcela do 13º, vence no dia 19. “Infelizmente, vai continuar parada. Não é o que a gente quer, mas todo mundo que trabalha precisa receber”, disse o presidente Demétrio Freitas.

Consórcio Guaicurus não tem dinheiro

Themis Oliveira afirmou na audiência que o grupo empresarial enfrenta uma gravíssima crise financeira e que não tem condições de custear todas as despesas necessárias para manter o transporte público de Campo Grande funcionando. “Hoje não tem caixa disponível para pagar a outra parcela de 50%. Eu tenho que pagar diesel, pagar peça e uma série de questões”, ponderou, confirmando que recebeu o repasse adiantado da Prefeitura, de R$ 3 milhões.

Entretanto, ainda na sua fala, explicou que usou parte do montante para quitar outras dívidas. “Dentro desses 3 milhões havia recursos que eram devidos de setembro, agosto… meses passados que tínhamos compromisso”, completou a fala, ressaltando que não deu a prioridade para os trabalhadores.

O presidente do Consórcio voltou a mencionar que tem valores para receber da Prefeitura. “Nós vamos procurar conversar com a prefeitura para receber o que nós temos a receber ainda da prefeitura e negociar, negociar o tempo inteiro. É essa a palavra de ordem hoje”, disse ao final da audiência.

Ele ainda garantiu que parte da dívida ativa hoje das empresas de viação envolve subsídios do transporte estudantil, sendo R$ 4,8 milhões pendentes, referentes aos meses de agosto, setembro, outubro e novembro. Themis também falou sobre a diferença entre a tarifa pública e a tarifa técnica, exigindo que o Município deveria pagar por isso, mas não faz desde 2022, acumulando R$ 39 milhões em débito.

No contraponto, demonstrativos divulgados nessa terça-feira (16) pela Prefeitura de Campo Grande mostram que, no decorrer deste ano, foram pagos ao Consórcio Guaicurus pouco mais de R$ 26 milhões referentes às gratuidades dos estudantes das escolas públicas e também dos idosos e pessoas com deficiência.

A prefeita Adriane Lopes (PP), que até então não tinha participado de nenhuma coletiva sobre o assunto, dessa vez esteve presente e afirmou que a sua gestão está rigorosamente em dia. Toda documentação comprobatória dos repasses também foram compartilhadas nas redes sociais oficiais da Prefeitura. Confira os comprovantes aqui.

Foi reafirmado que a Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos (Agereg) abriu um processo para aplicação de multa diária ao Consórcio Guaicurus pelo descumprimento da decisão e a Procuradoria-Geral do Município ingressou como parte na ação trabalhista, para atuar diretamente na retomada imediata do serviço.