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segunda-feira, 4 de agosto, 2025
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Tarifaço começa nesta semana: Brasil tenta reverter tarifa de 50% imposta pelos EUA

Após meses de ameaças e incertezas, o tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a produtos brasileiros entra em vigor nesta semana. A medida, que estabelece uma taxação de 50% sobre mercadorias importadas do Brasil, afeta diretamente 35,9% das exportações brasileiras, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

Diante da formalização das tarifas na última quarta-feira (30), o governo federal tenta reagir para minimizar os impactos econômicos da medida, que pode prejudicar setores estratégicos como o agronegócio e a indústria de alimentos. A exportação de itens como carne e café, por exemplo, está entre as mais atingidas. Em 2024, esses produtos representaram um volume de US$ 14,5 bilhões em vendas para o mercado norte-americano.

Governo corre contra o tempo

Apesar de ter deixado de lado uma abordagem diplomática mais incisiva durante os meses de ameaça, o Planalto agora sinaliza que vai acionar todas as frentes possíveis para tentar mitigar os danos. O momento, segundo interlocutores do governo, é de esgotar as vias políticas e intensificar o diálogo com autoridades dos Estados Unidos.

Os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Geraldo Alckmin (Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) afirmaram que as negociações devem se intensificar nos próximos dias. Haddad, inclusive, busca uma nova reunião com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, com quem já manteve contato inicial e recebeu sinalização positiva.

Reação em várias frentes

Alckmin também deve se reunir com representantes dos setores mais impactados para discutir medidas emergenciais de apoio. Segundo o governo, a principal preocupação é manter a estabilidade da produção nacional e proteger os empregos.

Entre as possíveis ações está a adoção de medidas de contingenciamento econômico, além da avaliação de uma eventual retaliação tarifária aos Estados Unidos. No entanto, o Planalto considera essa última alternativa como uma medida de segundo plano, preferindo apostar no diálogo para evitar uma escalada comercial.

Exportações afetadas e exceções

Apesar da medida atingir quase 36% das exportações brasileiras, o governo destaca que cerca de 45% das vendas para os EUA — equivalentes a US$ 18 bilhões em 2024 — foram poupadas da nova taxação. A Casa Branca publicou uma lista de aproximadamente 700 produtos brasileiros que ficarão isentos das tarifas. Ainda assim, a perda potencial para o Brasil é significativa.

Outros 19,5% das exportações brasileiras seguem regras específicas de taxação com base em acordos internacionais, o que corresponde a US$ 7,9 bilhões. Esses produtos, como autopeças, já são tarifados com alíquotas que chegam a 25% por razões de segurança nacional (Seção 232) e não foram incluídos no novo decreto.

União Europeia acompanha de perto

A repercussão global do tarifaço também movimenta outros parceiros comerciais. A União Europeia, por exemplo, acompanha com atenção os desdobramentos, temendo que o endurecimento nas relações comerciais entre Brasil e EUA possa desestabilizar cadeias produtivas globais, especialmente no setor agrícola.

Próximos passos

Com a entrada em vigor das tarifas nesta terça-feira (6), o governo brasileiro se vê diante de um desafio diplomático e econômico. A resposta à medida de Trump — vista como eleitoral por parte do governo Lula — será um dos grandes testes do segundo semestre para a política externa e a estratégia de reindustrialização e fortalecimento das exportações brasileiras.

Agora, o Planalto busca transformar a crise em oportunidade para reforçar sua atuação global e proteger o setor produtivo nacional. A prioridade é clara: preservar empregos e garantir que o Brasil continue competitivo no comércio internacional.

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