Imagine estar dirigindo e, de repente, se deparar com um veículo que parece ter olhos piscando diretamente para você. A cena, que remete a um live-action do filme “Carros”, da Pixar, é cada vez mais comum nas ruas e estradas do país. Trata-se da mais nova tendência automotiva: os painéis com olhos de LED instalados no para-brisa de caminhões e carros de passeio.
Conhecido popularmente como “Olho de LED” ou “Devil’s Eye” (Olhos de Diabo), o acessório viralizou nas redes sociais, impulsionado por vídeos de influenciadores e entusiastas da personalização automotiva. Os painéis exibem animações coloridas que simulam olhos em movimento, com controle de cores, intensidade e efeitos via aplicativo de celular. A instalação é simples: o dispositivo é fixado do lado de dentro do vidro e funciona com alimentação por cabo USB.
Com preços a partir de R$ 60 em sites de comércio eletrônico, o item tem conquistado motoristas que buscam uma aparência diferente para seus veículos. No entanto, o uso do acessório pode trazer problemas legais.
Segundo o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), a instalação de equipamentos proibidos ou que prejudiquem a segurança viária é considerada infração média. A penalidade inclui multa de R$ 195,23, cinco pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e retenção do veículo até a regularização, o que significa a retirada imediata do equipamento.
“É muito comum que os proprietários queiram personalizar seus veículos, seja carro ou caminhão, mas nesse caso, o Contran, por meio da Resolução 960/2022, veda expressamente o uso de painéis luminosos desse tipo”, explica Carlos Elias, especialista em trânsito e criador do canal Manual do Trânsito.
Professor na área e ex-servidor do Detran de Pernambuco, Carlos Elias reforça que a única exceção prevista pela legislação é para letreiros de ônibus. Até mesmo painéis usados por motoristas de aplicativos, como Uber, podem resultar em autuação.
“Além da ilegalidade, o uso desses painéis compromete a visibilidade do condutor e pode desorientar outros motoristas, especialmente em rodovias ou à noite. O Contran proíbe acessórios que prejudiquem o campo visual ou distraiam os demais condutores e pedestres”, alerta o especialista.
A fiscalização pode variar de região para região, mas o risco de multa e retenção do veículo é real. Por mais criativa e divertida que seja a ideia, a recomendação de especialistas é clara: evitar esse tipo de customização para garantir a segurança no trânsito e evitar transtornos com a lei.