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sexta-feira, 5 de setembro, 2025
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Tradição e inovação: artesãos do MS fortalecem economia e preservam cultura

O artesanato de Mato Grosso do Sul tem conquistado visibilidade crescente, aliando originalidade, identidade regional e saberes tradicionais. Mais do que produtos, as peças contam histórias e consolidam-se como um dos pilares do mercado criativo do Estado.

Atualmente, mais de 8 mil artesãos estão cadastrados oficialmente, atuando em áreas como cerâmica, madeira, fibras, tecelagem, pintura e escultura. Cerca de 4 mil desses profissionais fornecem seus trabalhos diretamente para a Casa do Artesão de Campo Grande, que funciona como vitrine do setor.

Entre os destaques está Jane Clara Arguello, natural de Corumbá. Mestra artesã, designer e artista plástica, Jane atua desde 1991 e combina cerâmica, vidro e materiais recicláveis em peças que retratam mulheres indígenas, negras e japonesas. “Cada peça que produzo carrega uma história. É arte, é memória, e também é ferramenta de transformação”, afirma.

Outro exemplo de relevância é a mestra tecelã Josefa Marques Mazarão, de Caarapó, que desde 1997 utiliza lã, cascas de legumes e ervas nativas para tingimento natural. Fundadora da Associação de Arte e Artesanato Vale da Esperança, Josefa ensina tecelagem e fiação a mulheres da região, fortalecendo a economia local e mantendo viva a cultura sul-mato-grossense.

Na Aldeia Cachoeirinha, em Miranda, Rosenir Batista preserva a tradição Terena na cerâmica há quase 50 anos. Suas peças, que incluem utensílios e esculturas de animais pantaneiros, são comercializadas por grandes marcas e já estiveram expostas em museus como o de Arte de São Paulo. “Quando modelamos uma peça, estamos moldando também a memória do nosso povo”, destaca.

O crescimento do setor é impulsionado pela abertura de novos mercados e profissionalização dos artesãos. Participações em feiras nacionais e internacionais, parcerias com a Apex-Brasil e rodadas de negócios têm ampliado o alcance do artesanato sul-mato-grossense, despertando interesse de compradores da China, Europa e Emirados Árabes.

Em 2024, as ações do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Turismo, Esporte e Cultura e da Fundação de Cultura, movimentaram mais de R$ 4 milhões em feiras, rodadas de negócios e vendas contínuas na Casa do Artesão. O setor também cumpre papel social importante, promovendo inclusão e capacitação de mulheres, jovens, idosos e indígenas.

Projetos inovadores, como a startup Bruaca, conectam artesãos a consumidores conscientes, fortalecendo cadeias de produção mais justas e sustentáveis. Desde 2007, o projeto Artesania/MS atua em diversas frentes, incluindo capacitação, participação em feiras nacionais e internacionais, manutenção de Casas do Artesão no interior do Estado e incentivo à comercialização institucional.

Mais do que um setor econômico, o artesanato sul-mato-grossense é expressão de identidade cultural, memória e pertencimento. Com peças únicas e autorais, os artesãos seguem consolidando o Estado como referência em diversidade, criatividade e valorização da cultura regional.

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