Nesta terça-feira (12), o Tribunal Regional do Trabalho da 24ª Região abriu suas portas para reafirmar uma parceria que une esporte e cidadania. Quem recebeu o presidente da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul (FFMS), Estevão Petrallás, foi o desembargador João de Deus, idealizador do Torneio de Futebol Sub-17 dos Jovens das Comunidades Indígenas, competição que chega este ano à sua quarta edição.
Criado em 2022, o torneio integra o Programa Nacional de Combate ao Trabalho Infantil e tem como objetivo oferecer oportunidades a adolescentes de 15 a 17 anos, permitindo que cada equipe inscreva até três atletas de 19 anos. Mais do que promover partidas emocionantes, a iniciativa busca afastar os jovens da dependência do álcool, do trabalho precoce e da exploração, incentivando a continuidade nos estudos e o acesso a empregos dignos.
Este ano, seis equipes vão representar diferentes cidades e etnias: Aldeia Bananal (Aquidauana), Aldeia Alves de Barros, Kadiwéu (Bodoquena), Aldeia Urbana Marçal de Souza (Campo Grande), Aldeia Urbana Jaguapiru (Dourados), Aldeia Cachoeirinha (Miranda) e Aldeia Tereré (Sidrolândia). Três etnias estarão presentes: Terena, Guarani e Kadiwéu. Elas se encontram no mesmo campo, transformando o torneio em palco de integração cultural e social.
No dia 19, pela manhã, Petrallás fará uma palestra motivacional na abertura da competição. Logo depois, as delegações participarão de uma visita especial ao Estádio Jacques da Luz, acompanhadas pelo próprio desembargador João de Deus, reforçando o vínculo entre o esporte e o compromisso social que move o projeto. Todas as equipes já receberam kits completos de treinamento (redes, bolas, cones, bombas, uniformes e equipamentos) garantindo estrutura e profissionalismo à disputa.
Durante a reunião, o presidente da FFMS destacou a relevância da iniciativa e o papel do magistrado. “O que o desembargador João de Deus construiu vai muito além do futebol. Este torneio já é tradição e oferece dignidade e esperança a jovens que precisam acreditar em um futuro melhor. Para a Federação, apoiar este projeto é apoiar a vida, a cidadania e a justiça.”
Na visão do TRT, o evento é uma ferramenta de transformação que ultrapassa as quatro linhas. “Queremos afastar esses jovens da dependência do álcool, do trabalho precoce e da exploração. Nosso compromisso é garantir que frequentem a escola, se capacitem e conquistem empregos dignos. O futebol é o caminho para formar cidadãos preparados para a vida”, reforçou o desembargador.
Inclusão Digital: o legado da Justiça do Trabalho na Aldeia Bananal
Ainda em 27 de maio de 2025, a Justiça do Trabalho da 24ª Região consolidou outro passo importante em direção à inclusão educacional. A Escola Estadual Indígena de Ensino Médio Professor Domingos Veríssimo Marcos Mihin, localizada na Aldeia Bananal, foi beneficiada com a doação de dez computadores, dez monitores e duas impressoras, todos provenientes do parque tecnológico do TRT, compondo uma significativa contribuição à estrutura pedagógica da instituição.
A ação, parte do Programa de Combate ao Trabalho Infantil do TRT, reafirmou o compromisso institucional com as comunidades tradicionais, promovendo inclusão digital e fortalecendo as condições de ensino dos estudantes da etnia Terena.
A coordenadora da escola, Nayara Gonçalves Venâncio, expressou gratidão e otimismo. “Em conjunto com o grêmio estudantil, viemos agradecer o imenso carinho do desembargador João de Deus e da juíza Déa Marisa Brandão por nos atenderem. Esses equipamentos são de suma importância para o desenvolvimento educacional de cada aluno. Que esse projeto tenha continuidade, ele vem trazendo uma luz para a comunidade.”
Ela lembrou, ainda, que o próprio torneio organizado pelo TRT tem a frequência escolar como critério fundamental de participação, e mencionou um caso emblemático: um aluno que voltou a estudar para participar da primeira edição do torneio em 2022. Hoje, esse jovem, Sandher Alex Joaquim, é presidente do departamento de Esporte e Lazer do grêmio estudantil.
Com a bola prestes a rolar nos dias 19, 20 e 21 de setembro, a conexão entre esporte, educação e justiça ganha contornos ainda mais nítidos. Cada passe, cada partida e cada equipamento entregues representam um passo firme na construção de um futuro mais justo e promissor para esses jovens.
