17/02/2017 19h39
Trump encanta Israel, choca palestinos e assusta o mundo
Distanciando-se da solução de dois Estados para resolver um dos conflitos mais antigos do mundo, Donald Trump encantou a direita de Israel e chocou os palestinos, embora ninguém consiga desvendar direito as intenções do novo presidente americano.
“Este é o fim de uma ideia perigosa e errada: a criação de um Estado terrorista palestino no coração da terra de Israel”, alardeou o ministro israelense da Ciência, Ofir Akunis, reiterando a reivindicação judaica sobre a Cisjordânia em nome da Bíblia.
Para sua colega da Cultura, Miri Regev, é “uma nova era diplomática” e o “fim do congelamento” dos assentamentos nos territórios palestinos ocupados.
A ONU avaliou que não houve mudança em sua política.
“A solução de dois Estados continua sendo o único caminho para alcançar as legítimas aspirações nacionais de ambos os povos”, disse o enviado da ONU para o Oriente Médio, Nickolay Mladenov, ao Conselho de Segurança.
Hoje, a embaixadora dos Estados Unidos nas Nações Unidas, Nikki Haley, minimizou as declarações de Trump.
“Apoiamos totalmente a solução de dois Estados, mas também pensamos (em alternativas) fora desse marco”, declarou Haley, após uma reunião do Conselho sobre Oriente Médio.
Já o candidato de Trump para ser embaixador em Israel, o advogado judeu americano David Friedman, muito polêmico por suas posturas radicais a favor da colonização, mostrou-se cético diante da possibilidade de uma solução de dois Estados, sem descartá-la.
“Manifestei meu ceticismo sobre a solução de dois Estados unicamente com base no que percebi como a recusa a renunciar à violência e aceitar Israel como um Estado judaico”, declarou ele na sabatina no Senado, que deve validar sua nomeação.
O ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Marc Ayrault, classificou a posição dos Estados Unidos como “confusa e preocupante” e reiterou o apoio de seu governo a ambas as partes.
“A perspectiva de um Estado palestino também é uma garantia para a segurança de Israel”, acrescentou.
O líder da Liga Árabe (LA), Abul Gheit, comentou que nenhuma alternativa à de dois Estados será aceitável.
Ao receber na quarta-feira, na Casa Branca, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, Trump tomou distância da posição defendida há anos por seus antecessores em relação ao conflito entre israelenses e palestinos.
Ele afirmou que os Estados Unidos não vão se ater à solução de dois Estados – a criação de um Estado palestino que coexista com Israel -, a qual também é a referência de grande parte da comunidade internacional.
“Por muito tempo, pensei que a solução de dois Estados era a mais fácil. Mas, honestamente, se Israel e os palestinos estão felizes, eu estou feliz com o que eles preferirem”, declarou o presidente republicano.
A aparente ruptura de um homem que durante sua campanha defendeu ideias muito pró-israelenses preocupa os palestinos.
“O fim da solução de dois Estados significa um único Estado, mesmo racista”, reagiu o editorial do jornal Al-Quds.
“Após mais de 20 anos passados a negociar e depois de concordar em manter apenas 22% da Palestina histórica, a grande questão é: o que devemos fazer?”.
Os líderes palestinos que apoiam as negociações com Israel afirmam que, sem um Estado palestino, a única possibilidade é um Estado expandido na Cisjordânia, já ocupada por Israel, e em Jerusalém Oriental, reivindicada pelos palestinos como sua futura capital, mas que foi anexada por Israel.
Os judeus terão mais direitos do que os palestinos, o que equivaleria a um regime de Apartheid, alegam as lideranças palestinas.
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