Presidente dos EUA acusa governo Maduro de usar petróleo para financiar crimes e eleva tensão entre os países
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, determinou nesta terça-feira (16) um bloqueio “total e completo” a todos os navios petroleiros que estejam sob sanções e que entrem ou saiam da Venezuela. O anúncio foi feito em publicações nas redes sociais X e Truth Social, nas quais o líder americano elevou o tom contra o governo de Nicolás Maduro.
Segundo Trump, o petróleo venezuelano estaria sendo utilizado para financiar atividades criminosas, como narcotráfico, tráfico de pessoas, assassinatos e sequestros. “Hoje estou ordenando um bloqueio total e completo de todos os petroleiros sancionados que entram e saem da Venezuela”, escreveu o presidente, ao afirmar que o país está “completamente cercado”.
A medida ocorre em meio à escalada de tensões entre Washington e Caracas. Desde agosto, os Estados Unidos reforçam a presença militar no Caribe, operação que inicialmente foi apresentada pela Casa Branca como parte do combate ao tráfico internacional de drogas. Nesta terça-feira, Trump afirmou que a Venezuela estaria cercada “pela maior Armada já reunida na história da América do Sul”.
Em tom mais agressivo, o presidente americano acusou o governo venezuelano de roubar petróleo, terras e outros bens dos Estados Unidos. “O choque para eles será como nada que já tenham visto — até que devolvam aos Estados Unidos tudo o que roubaram”, declarou. Trump também classificou o governo Maduro como um “regime ilegítimo” e afirmou que a Venezuela foi designada como organização terrorista estrangeira, citando envolvimento com terrorismo ligado às drogas, contrabando e tráfico humano.
As novas declarações retomam a política adotada por Trump durante seu primeiro mandato. Em 2019, os Estados Unidos impuseram sanções severas ao setor petrolífero venezuelano, o que provocou uma queda significativa nas exportações do país. Ainda assim, mesmo com as restrições em vigor, a Venezuela segue exportando cerca de 1 milhão de barris de petróleo por dia, segundo estimativas do mercado.
Especialistas apontam que o regime Maduro tem recorrido a uma chamada “frota de navios fantasmas” para driblar as sanções. Essas embarcações, também conhecidas como “navios zumbis”, costumam mudar de nome e bandeira com frequência ou até usar a identidade de navios já desativados, na tentativa de escapar do monitoramento internacional. De acordo com a empresa de inteligência financeira S&P Global, cerca de um em cada cinco petroleiros no mundo pode estar envolvido no contrabando de petróleo de países sancionados, prática também atribuída à Rússia e ao Irã.
A tensão aumentou após uma operação militar recente. No dia 10 de dezembro, forças dos Estados Unidos interceptaram e apreenderam um petroleiro no Mar do Caribe, próximo à costa venezuelana. Identificado como Skipper, o navio já havia sido sancionado em 2022 sob suspeita de contrabando de petróleo e de favorecer grupos islâmicos no Oriente Médio.
Segundo autoridades da Guiana, o petroleiro navegava com bandeira falsa do país, sem registro oficial. O governo venezuelano reagiu com dureza. Maduro classificou a ação como “pirataria naval criminosa” e afirmou que a embarcação transportava 1,9 milhão de barris de petróleo. Um levantamento da agência Reuters indicou que a apreensão contribuiu para uma queda brusca nas exportações, deixando cerca de 11 milhões de barris de petróleo e combustíveis retidos em águas venezuelanas.
O anúncio do bloqueio reforça o clima de incerteza no setor energético e amplia a pressão internacional sobre a Venezuela, em um momento de forte instabilidade política e econômica no país.




















